segunda-feira, junho 30, 2008

Evento de Tunguska - 100 anos

tunguska_event.jpg


Há 100 anos, na remota região da Sibéria Central chamada de Tunguska ocorreu um fenómeno (conhecido por Evento de Tunguska) que ainda hoje causa dúvidas e celeuma (até porque há uns maluquinhos que gostam destas coisas e têm as mais disparatadas teorias sobre o assunto...).

Assim, às 07.15 horas locais "de 30 de Junho de 1908, houve uma gigantesca explosão após uma bola de fogo ser vista atravessando o céu. Não foram encontrados vestígios de meteorito, mas uma onda de impacto devastou toda a região do lago Baikal, afectando em menor grau todo o norte da Europa." (in Wikipédia)

A queda de meteoritos os comentas não é um fenómeno raro, é apenas mais um sinal de que o nosso Sistema Solar não é lugar calmo e pacífico que durante muito tempo se pensou. Se um simples pedaço de cometa que ricocheteou na atmosfera fez os estragos que fez (pese embora o facto de este fenómeno ter ocorrido numa remota região quase desabitada...) há que pensar o que aconteceria hoje se este fenómeno se passasse hoje numa grande metrópole. Se o presente é chave para entender o passado, às vezes o passado tem valiosas lições para o presente e futuro que convém que a nossa espécie não esqueça...

russia-cia_wfb_map-tunguska.png

sexta-feira, junho 27, 2008

Dinossáurios de Portugal...pegadas

Do Blog Ciência ao Natural, do divulgador científico, paleontólogo e geólogo Luís Azevedo Rodrigues publicamos o seguinte post:

É com enorme alegria que vejo que o primeiro paleontólogo de vertebrados português (neste caso uma paleontóloga) a adaptar a sua tese e a publicá-la sob a forma de obra de divulgação científica.


É um livro sobre o registo de pegadas de dinossáurio em Portugal, onde é abordado o seu valor científico e patrimonial.

Para além de todas as jazidas portuguesas, individualizadas, é feita introdução sobre os diversos tipos de dinossáurios e os processos geológicos que proporcionaram a sua fossilização.
Acima de tudo, um livro muito pedagógico, com excelentes ilustrações de Mário Estevens, também ele doutorado em Paleontologia.

"Em Portugal existem pegadas e pistas de dinossáurios em zonas litorais e em antigas pedreiras. O estudo destes icnofósseis permite conhecer a anatomia dos pés e das mãos dos dinossáurios que os produziram, o seu modo de locomoção, o seu comportamento individual e social, os ambientes que frequentaram, entre outros aspectos. As jazidas com pegadas de dinossáurios são, assim, uma importante fonte de informação sobre este grupo de animais já extintos há 65 milhões de anos e constituem, igualmente, locais privilegiados para o ensino de temas relacionados com a Geologia e a Paleontologia.

O presente trabalho pretende divulgar o conhecimento científico adquirido com o estudo destas jazidas, realçando o seu valor científico, cultural, pedagógico e patrimonial, e contribuir para a sua preservação."

Páginas do livro



NOTA: os nossos parabéns à Doutora Vanda, pelo livro, e ao Luís Azevedo Rodrigues, pela divulgação...

quinta-feira, junho 26, 2008

Actividade no PNSAC com alguns professores da Escola

No fim-de-semana de 5 e 6 de Julho de 2008 os professores eleitos para o Conselho Geral Transitório da nossa Escola irão fazer uma actividade no PNSAC, a que os colegas de Departamento poderão ir (não posso convidar todos para a totalidade da actividade porque implica dormir em casas e só há 6 quartos nas mesmas...).

Poderão ver todos os dados da actividade no Blog GeoLeiria, no post:
http://geoleiria.blogspot.com/2008/06/actividade-no-pnsac-conselho-geral.html

terça-feira, junho 24, 2008

Mestrados em Geociências - Universidade de Coimbra

CURSO DE MESTRADO EM GEOCIÊNCIAS

(DE ACORDO COM O MODELO DE BOLONHA, QUE VISA A ACREDITAÇÃO DE COMPETÊNCIAS NO ESPAÇO COMUM EUROPEU)



O 2.º Ciclo em Geociências forma mestres em temas essenciais das Ciências da Terra. Pretende-se fornecer uma formação teórica e prática sólida em áreas de grande relevância para a ciência e para o desenvolvimento económico e social do país. As três áreas de especialização propostas reflectem a diversidade de recursos humanos existentes no Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, os seus interesses científicos e a sua interacção com a comunidade científica internacional e a comunidade empresarial.

PERFIL GENÉRICO DE FORMAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

O Mestre em Geociências será um profissional capaz de realizar autonomamente:
  • Trabalhos de cartografia geológica, geral e temática;
  • Trabalhos de prospecção geológica e de recursos naturais;
  • Colaborar em estudos e trabalhos nas áreas do ambiente, planeamento e ordenamento do território;
  • Trabalhos de investigação em áreas específicas das Geociências e de recolher,
  • analisar, interpretar e comunicar eficientemente a informação geológica, não só para especialistas mas também para outros públicos.

ÁREA CIENTÍFICA DO CURSO: Ciências da Terra
NÚMERO DE VAGAS: 30
DURAÇÃO DO CURSO: 4 semestres
NÚMERO DE CRÉDITOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE: 120 ECTS
PRAZOS DE CANDIDATURA - ANO LECTIVO 2008-2009
  • 1ª Fase: 30 de Abril a 18 de Maio
  • 2ª Fase: 2 a 20 de Julho
  • 3ª Fase: 22 a 30 de Setembro
Candidaturas através do site: www.fct.uc.pt


ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GEOLOGIA OPERACIONAL

O Mestre em Geociências, na área de especialização em Geologia Operacional, será um profissional especializado nas aplicações da Geologia à prospecção e aproveitamento de recursos geológicos, à Geologia de Engenharia e na cartografia geológica.

PLANO CURRICULAR

1º ANO | 1º Semestre
  • Detecção Remota e SIG
  • Avaliação e Gestão de Recursos Geológicos
  • Hidrogeologia Operacional
  • Geofísica Aplicada
  • ou Seminário de Aquisição e Interpretação de Dados
  • Avaliação de Impactes e Requalificação Ambiental
1º ANO | 2º Semestre
  • Cartografia Temática
  • Tectónica Complementar
  • Geotecnia
  • Prospecção Geoquímica
  • ou Recursos Hídricos
  • Prospecção e Sondagens
2º ANO
  • Dissertação em Geologia Operacional

ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM AMBIENTE E ORDENAMENTO

O Mestre em Geociências, na área de especialização em Ambiente e Ordenamento, será um profissional especializado nas aplicações da Geologia aos estudos de avaliação de impactes, monitorização e gestão ambientais e ao ordenamento do território.

PLANO CURRICULAR

1º ANO | 1º Semestre
  • Detecção Remota e SIG
  • Avaliação de Impactes e Requalificação Ambiental
  • Mudanças Globais
  • Seminário de Geologia Ambiental ou Geofísica Aplicada
  • Análise e Gestão de Recursos Naturais
1º ANO | 2º Semestre
  • Cartografia Temática
  • Recursos Hídricos
  • Geoquímica Ambiental
  • Seminário de Geologia e Ordenamento
  • ou Geoconservação
  • Bacias Fluviais e Sistemas Costeiros
2º ANO
  • Dissertação em Ambiente e Ordenamento

ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GEOLOGIA DO PETRÓLEO

O Mestre em Geociências, na área de especialização em Geologia do Petróleo, será um profissional especializado nas aplicações da Geologia à prospecção e acompanhamento da prospecção de hidrocarbonetos.

PLANO CURRICULAR

1º ANO | 1º Semestre
  • Detecção Remota e SIG
  • Análise de Bacias Sedimentares
  • Seminário de Geologia de Bacias Atlânticas I
  • Seminário de Aquisição e Interpretação de Dados
  • ou Geofísica Aplicada
  • Avaliação de Impactes e Requalificação Ambiental
1º ANO | 2º Semestre
  • Cartografia Temática
  • Petrologia e Análise de Diagénese
  • Estruturas Geológicas e Interpretação Geofísica
  • Micropaleontologia
  • ou Seminário de Geologia de Bacias Atlânticas II
  • Organização e Comunicação Institucional
2º ANO
  • Dissertação em Geologia do Petróleo


COORDENAÇÃO

Geologia Operacional

Prof. Doutor Luís Vítor Duarte - lduarte@dct.uc.pt

Ambiente e Ordenamento
Prof. Doutor Alcides Pereira - apereira@dct.uc.pt

Geologia do Petróleo
Prof. Doutor Rui Pena dos Reis - penareis@dct.uc.pt

10th International Coastal Symposium

Dear Colleagues

In the name of the organizing Committee we would like to invite you to the


10th International Coastal Symposium, ICS 2009


The ICS 2009 will be held in Lisbon (Portugal) from 13th to 18th April 2009, a joint organization of the e-Geo - Geography and Regional Planning Research Centre of the Universidade Nova de Lisboa and the Coastal Education & Research Foundation . All papers accepted, after being peer-reviewed, will be published in a Special Issue of the Journal of Coastal Research , one of the leading journals in the field of coastal research.


The conference themes are: Acoustic Remote Sensing, Barrier Islands, Beach Processes, Climate Change, Coastal Dunes, Coastal Ecosystems, Coastal Engineering, Coastal Evolution, Coastal Geomorphology, Coastal Hazards and Pollution, Coastal Modelling, Coastal Restoration & Mitigation, Coastal Tourism, Coastal Zone Management, Delta Plain Management, Estuarine & Wetland Restoration, GIS and Remote Sensing Applications, Impact of Extreme Storms, Integrated Catchment and Coastal Zone Management


For more information please go to http://e-geo.fcsh.unl.pt/ICS2009/index.html


Nota: recebido via mailing-list da Geopor

Astronomia para jovens nas Férias

OCUPAÇÃO CIENTÍFICA NAS FÉRIAS

Astrofísica Observacional no OAL

Tal como aconteceu no ano passado o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) proporciona aos alunos do ensino secundário a possibilidade de trabalharem durante três dias inteiros com os professores/investigadores, na obtenção e processamento de imagem digital, além de lhes facultar a aprendizagem dos conceitos fundamentais da astrofísica associados ao sol, estrelas, nebulosas e galáxias e ainda participarem do ambiente científico do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa, um centro com muita experiência em observação astronómica avançada.

Parte Prática: Desenvolver técnicas de observação da fotosfera, registo das manchas solares e coroa solar: protuberâncias e ejecções de massa coronal. Observação e realização de astrofotografia digital (com filtros BVRI) de enxames estelares, nebulosas e galáxias. Uso de software para processamento de imagem digital. Imagens em cor real.

Parte Teórica: Lições ligeiras de astrofísica do sol, da física das estrelas e das galáxias. Tópicos sobre óptica e o uso de telescópios, câmaras de CCD, parâmetros físicos observáveis e tratamento de imagem.

Estão previstos 3 estágios a decorrer nas seguintes datas:
  • 2 a 4 de Julho
  • 28 a 30 de Julho
  • 27 a 29 de Agosto

Mais informações e inscrições através do seguinte link da página do Ciência Viva: AQUI

Mestrado em Dinâmicas Sociais, Riscos Naturais e Tecnológicos

Recebido via mailing-list da Geopor:

Boa tarde

Divulgo-vos uma apresentação relativa ao Mestrado e Pós-graduação em Dinâmicas Sociais, Riscos Naturais e Tecnológicos, com candidaturas abertas.

Para informações complementares recomendo que contactem o colega Alexandre Tavares (atavares@dct.uc.pt).

Saudações,
Pedro Cunha

NOTA: para obterem a apresentação clicar AQUI.

Pedido de colaboração

Recebido por e-mail, aqui fica um inquérito:


Boa tarde:

Elaborei um pequeno Inquérito online sobre Riscos Naturais e Compra de Imóveis e gostava de pedir uma pequena ajuda.

Que respondessem o mesmo ou que ao menos divulgassem entre seus contactos ou via post. São poucas perguntas.

As regras para preenchimento aparecem no formulário online.

Há dois links para resposta:
Luiz Amadeu Coutinho

segunda-feira, junho 16, 2008

Sopa de Pedra

Já que estamos (e estaremos, por motivos que brevemente aqui revelaremos...) numa de Açores, aqui fica outro post de um célebre Blog terceirense de um professor da Universidade dos Açores, o Desambientado:


Gosto muito de pedras.
Prefiro-as no meu caminho
Do que dentro dos sapatos.
Haverá desimpedimentos,
Sem aborrecimentos?

Gosto muito de areia;
Debaixo dos meus pés
E fora dos meus olhos.

Prefiro a subtileza,

Á falta de clareza.


Gosto muito de calçadas,
Descalças de preconceito,
Onde se anda sempre a eito.


Gosto muito de bordões,
Que nos apoiam, proféticos,
Nos desequilíbrios éticos.


Gosto muito, muito, muito…
Das pedras do meu mundo,
Porque se um homem é pó,
Uma pedra quer dizer
Que depois de aqui viver,
Vai voltar-se a agrupar,
Numa rocha sedimentar,
Que marcará o seu lugar.


Félix Rodrigues

A evolução dos cones vulcânicos surtsianos

Do Blog GEOCRUSOE, que nos merece uma leitura atenta pelo menos uma vez por semana, publicamos o seguinte post:


No Faial surgem esporadicamente preocupações pelo facto do mar, vento e chuva estarem a destruir o edifício da erupção dos Capelinhos, propondo a plantação de espécies vegetais capazes de impedir tal erosão.

Efectivamente, nas erupções basálticas em mar pouco profundo e onde este entra dentro da chaminé vulcânica, designadas de erupções do tipo surtsiano (surtseiano), dão-se grandes explosões, devido ao contacto da lava quente com a água fria. O que origina cones sobretudo de grãos da dimensão das areias e outros maiores e inicialmente soltos: devido à intensa fragmentação do material assim expelido.


O vulcão dos Capelinhos durante um período de actividade eruptiva do tipo surtsiano, os jactos negro são grãos que construíram o cone


[Foto publicada em: Machado, F. e Forjaz, V. H. - in Actividade Vulcânica do Faial - 1957-67 (1968) Ed. Com. Reg. Turismo Distrito da Horta]


As "areias" acumuladas durante a actividade surtsiana são conhecidas por cinzas vulcânicas - cientificamente o nome é complexo: hialopiroclastitos (sensivelmente significa: fragmentos vítreos formados pelo fogo) - e dão origem a cones fáceis de destruir pelo mar, vento e chuva. Nos Capelinhos, dos mais de 2 km quadrados iniciais, hoje resta talvez menos de 1.


Mas com o tempo, as mesmas chuvas, sais e seres vivos cimentam os grãos, transformando-os naquilo que as pessoas chamam de tufo vulcânico e a erosão passa a ser muito mais lenta. Então a superfície cobre-se de vegetação e quase nem vemos que a destruição continua.


Infelizmente e ao longo de milhares de anos, os grandes edifícios surtsianos continuam a reduzir em tamanho, o mar abre brechas e a erosão intensifica-se ligeiramente.


Então, com o passar dos anos, talvez outros milhares, os grande cones passam a pequenos ilhéus, parecem recifes... até ao dia em que desaparecem no mar como baixios e tornam-se em montes submarinos.

Todos os Faialenses gostam da estrutura construída pelos Capelinhos, interferir artificialmente com a evolução das coisas pode ser tentador, mas a longo prazo não resulta. A Natureza fez o mundo assim e para quem sabe olhar a beleza da Terra, verifica que esta constrói-se com as suas Regras Naturais.

domingo, junho 15, 2008

O meu dia de anos

Faço hoje 41 anos. Eu, que quase partilhei a data com Fernando Pessoa (e com o dia da morte de Santo António) queria deixar aqui um seu poema, retirado de um interessantíssimo site brasileiro:
http://www.pessoa.art.br/


Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar pela vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui – ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!…
(Nem o acho…)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes…
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim…
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui…
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas – doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado –,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!…

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!…


Álvaro de Campos - Poemas

Poesia de Fernando Pessoa

Gládio

Deus-me Deus o seu gládio, porque eu faça
.....A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em génio e em desgraça,
As horas em que um frio vento passa
.....Por sobre a fria terra.

Pôs-me as mãos sobre o ombros, e doirou-me
.....A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-justiça são Seu nome
....Dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
.....Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha, o que vier, nunca será
.....Maior do que a minha alma!


Ataca, n° 3, 1934, pp. 81
Fernando Pessoa - Poemas Ocultistas (21.07.1913)

Mensagem - Fernando Pessoa

I - Os campos
Primeira Parte | Brasão
Primeiro - O dos Castelos

A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.


08.12.1928

Fernando Pessoa - Mensagem

Fernando Pessoa - Ode de Ricardo Reis

Do Que Quero

Do que quero renego, se o querê-lo
Me pesa na vontade. Nada que haja
Vale que lhe concedamos
Uma atenção que doa.
Meu balde exponho à chuva, por ter água.
Minha vontade, assim, ao mundo exponho,
Recebo o que me é dado,
E o que falta não quero.

O que me é dado quero
Depois de dado, grato.

Nem quero mais que o dado
Ou que o tido desejo.


Ricardo Reis - Odes

Fernando Pessoa - poesia de Álvaro de Campos

Ridículas


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos),
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos (21.10.1935)

Fernando Pessoa - poesia de Alberto Caeiro

I

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr do Sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
É se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do Sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural –
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.

Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos (08.03.1914)

Poesia de Fernando Pessoa

Desenho retirado daqui

Teus Olhos Entristecem


Teus olhos entristecem.
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.

Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase não sorrindo.

Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil.


Fernando Pessoa - Cancioneiro (19.10.1935)

Torga e Pessoa II

Vila Nova, 3 de Dezembro de 1935

Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pelos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e com as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade sem ao menos perguntar quem era.

in Diário I - Miguel Torga
Carta a Miguel Torga


Lisboa, 6 de Junho de 1930.


Meu prezado Camarada:

Muito agradeço o exemplar do seu livro "Rampa". Recebi-o já há alguns dias. Só hoje posso escrever para lho agradecer. Li-o, porém, logo que o recebi.

Li-o e gostei dele. A sua sensibilidade é de tipo igual à do José Régio – é confundida, em si mesma, com a inteligência. O que em si é ainda por aperfeiçoar é o modo de fazer uso dessa sensibilidade. Há que separar mais os dois elementos, que naturalmente a compõem; ou que confundi-los ainda mais. Uma análise instintiva que coloque a sensibilidade desintelectualizada perante a inteligência dessensibilizada, em contraste, diálogo e reparo; ou uma síntese em que desapareçam os traços de haver dois.

Não creio impossível que qualquer, ou ambos, destes processos sejam por si atingidos num futuro próximo da sua consciência de si mesmo.

Intelectualmente – e portanto artisticamente – falando (a arte não é mais que uma manifestação distraída da inteligência), a sensibilidade é o inimigo. Não o inimigo que se nos opõe, como na guerra, mas o inimigo a quem nos opomos, como no amor. Há que vencer, pois, não por esmagamento, mas por sedução ou domínio. Chamar a sensibilidade para dentro da casa da inteligência; ou fazer a inteligência montar casa externa à sensibilidade. Imagens? Como o universo... Mas, em suma, gostei do seu livro, e por ele o felicito.

Com a melhor camaradagem e apreço

Fernando Pessoa

sábado, junho 14, 2008

Sismo no Japão - notícia no Público

Japão: três mortos, 65 feridos e 12 desaparecidos em sismo de 7.2 na escala de Richter
14.06.2008 - 11h06 AFP

Um violento sismo que atingiu os 7.2 na escala de Richter abalou hoje o norte do Japão matando pelo menos três pessoas e causando ferimentos a 65. Pelo menos outras 12 pessoas estão desaparecidas. O abalo provocou ainda deslizamentos de terra, o desabamento de alguns edifícios e a destruição de estradas.

O sismo ocorreu às 08h43 locais (00h43 em Lisboa), a dez quilómetros de profundidade, atingindo as zonas de Iwate e de Miyagi (nordeste), a cerca de 500 quilómetros de Tóquio, onde também foi sentido.

O primeiro balanço oficial dá conta de três mortos: um pescador de 55 anos, arrastado por um deslizamento de terras, um sexagenário atropelado por um camião e um trabalhador de 48 anos que ficou esmagado debaixo de pedras nas obras de um estaleiro.

Cerca de 12 pessoas continuam desaparecidas em Kurihara (prefeitura de Miyagi): três trabalhadores, nos escombros de um estaleiro e nove pessoas num hotel termal atingido por um deslizamento de terras.

A agência nacional de desastres já fez igualmente saber que o número de feridos chega aos 65, ao passo que os media japoneses indicam que poderão ser mais de cem.

Cerca de 30 mil casas em redor do epicentro do sismo ficaram sem electricidade.

O último abalo sísmico ocorrido no Japão ocorreu a 16 de Julho de 2007 em Niigata (centro), com uma magnitude de 6.8, provocando a morte a 11 pessoas e ferimentos a perto de mil.


in Público - ler notícia

Sismos - notícia antiga no Ciência Hoje

Sismo como o de 1755 causaria 3 mil mortos e 27 mil desalojados no Algarve

2008-02-20



Terramoto teve epicentro no banco de Gorringe

Um sismo com a mesma magnitude do registado em 1755 causaria hoje no Algarve três mil mortos e 27.000 desalojados, segundo resultados preliminares do Estudo do Risco Sísmico e de Tsunamis para o Algarve (ERSA).

Os progressos do estudo, que vai estar pronto no final de 2008 e permitir elaborar um plano de emergência detalhado para cada município algarvio, foram hoje apresentados em Faro numa cerimónia presidida pelo ministro da Administração Interna.


Se o sismo de 1755 - com epicentro no Banco de Gorringe e uma magnitude de 8,5 graus na Escala de Richter - se repetisse hoje, causaria danos sobretudo no Barlavento, mais próximo do epicentro. Este foi um dos cenários sísmicos apresentados hoje por Carlos Sousa Oliveira, professor do Instituto Superior Técnico (IST) e consultor da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), que frisou tratarem-se de "resultados preliminares".
Outro dos cenários avançados, tendo por base as características do sismo de 1722 - com epicentro em Tavira e magnitude de 7,8 graus na Escala de Richter -, aponta para uma estimativa de 12.000 mortos e 18.000 edifícios destruídos, com o Sotavento a ser mais afectado. Contudo, segundo o professor do IST, o número de mortes imediatas só poderá ser diminuído quando se trabalhar na prevenção, sendo que o estudo que está a ser desenvolvido permitirá fomentar acções preventivas.

"Temos de olhar para o problema sísmico de uma maneira preventiva, tal como na Medicina, em que apanhamos vacinas para não deixar entrar vírus ou bactérias", observou, dizendo que a principal preocupação são os equipamentos de saúde e escolas. "Não podemos imaginar que há um sismo que vem destruir hospitais e escolas, esta será uma primeira linha de prevenção e de reforço", disse, acrescentando que já estão a ser feitos levantamentos.

Testado no terreno em 2009

Segundo disse aos jornalistas a directora nacional de Planeamento de Emergência, Susana Silva, o plano de emergência decorrente do estudo estará igualmente pronto no final do ano e será testado no terreno em 2009. De acordo com aquela responsável, o principal objectivo do plano é conseguir que as diferentes entidades se articulem para dar resposta nas primeiras 72 horas, sobretudo aos feridos mais graves.

Susana Silva realçou ainda que de acordo com as experiências que recolheu de outros países, nas primeiras horas "é muito difícil as pessoas organizarem-se na própria região", pelo que a ajuda tem que vir de distritos ou até países vizinhos. No que respeita às consequências de um tsunami (maremoto) no Algarve, o estudo está a incidir sobretudo nas zonas da costa identificadas como mais vulneráveis, nomeadamente Sagres, Lagos, Armação de Pêra e Quarteira.

Com uma população residente de 400 mil pessoas, o Algarve tem 60 mil edifícios e 277 mil alojamentos, dos quais 70 mil são em betão armado, 50 mil em alvenaria com pavimento em placa, 23 mil em alvenaria de pedra e 15 mil em alvenaria, precisa o estudo.


in jornal on-line Ciência Hoje - ler notícia

quinta-feira, junho 12, 2008

Stephen Jay Gould: uma lição de vida

Com a devida vénia publicamos o seguinte post, da Doutora Palmira F. da Silva, do Blog do Público De Rerum Natura:


O Carlos já nos revelou que «Sagan e Feynman que me perdoem (ambos já falecidos, tal como Gould, de cancro), Hawking, Watson e Reeves (muito vivos os três) que não fiquem ofendidos, mas Stephen Jay Gould é, de todos eles, quem melhor prosa de divulgação escreveu». A mestria do grande comunicador em transformar qualquer assunto banal numa «lição» de ciência, que permite a quem o escute ou leia integrá-la nas suas vidas, pode ser apreciada na série de entrevistas que concedeu em 1984 (disponível no Youtube).

A actualidade e relevância do pensamento de Gould, que esta série com quasi um quarto de século demonstra claramente, foram ainda evidenciadas recentemente na Science News. Patrick Barry inicia a discussão do artigo «Historical contingency and the evolution of a key innovation in an experimental population of Escherichia coli», publicado online há uma semana nos «Proceedings of the National Academy of Sciences», afirmando que «Se Stephen Jay Gould fosse vivo, estaria a sorrir. Talvez até um sorriso de regozijo (gloating no original) .

O artigo do PNAS sugere, embora não de forma conclusiva, que Gould tinha razão no aceso debate que manteve, nomeadamente com Simon Conway Morris, em relação à sua convicção de que a vida da Terra evoluiu como evoluiu devido a contingências circunstanciais e de que se estes acasos tivessem sido outros a evolução teria sido diferente.

Este é o tema do livro «Vida maravilhosa — O acaso na evolução e a natureza da história», em que Gould compara a evolução a uma fita de vídeo que, depois de visualizada e rebobinada, quando posta a funcionar de novo teria um final diferente: «Existiriam tantas contingências, que não ocorreram da primeira vez, que o curso da história seria outro. Isso é verdade também para a história e a cultura humana; e na evolução é muito frequente».

Embora Gould não seja o «pai» do conceito de contingência histórica do processo evolucionário, certamente foi um de seus mais importantes entusiastas e divulgadores. Um dos exemplos que utilizou para explicar a sua perspectiva, o desaparecimento dos dinossáurios há cerca de 65 milhões de anos, entre o Cretáceo e o Terciário (transição K-T), é desenvolvido com muita clareza no último livro que publicou ainda em vida.

«Dinossáurios e mamíferos partilharam a Terra por 130 milhões de anos, o dobro do período de sucesso dos mamíferos que se seguiu e que levou à emergência do Homo sapiens entre as outras 4.000 outras espécies vivas da nossa classe Mammalia. [...] podemos conjecturar que, na ausência deste acidente cósmico, os dinossáurios ainda dominariam os habitats de grandes animais terrestres e os mamíferos ainda seriam criaturas das dimensões de ratos, vivendo nos interstícios ecológicos do mundo reptiliano. Neste episódio, mais vitalmente pessoal que qualquer outro, deveríamos literalmente agradecer à nossa estrela da sorte [...] que na vigência das novas regras do impacto K-T certas marcas da nossa incompetência ancestral – persistência de um pequeno tamanho no mundo dos dinossáurios, por exemplo – subitamente se tenham transformado em vantagens cruciais e fortuitas enquanto a fonte prévia de triunfo para os dinossauros [o seu grande tamanho] levou à sua tragédia.

Demócrito, um dos «pais» do atomismo juntamente com Epicuro, o filósofo que inspirou o «De Rerum Natura» de Lucrécio, dizia que «tudo no universo é fruto do acaso e da necessidade». Este artigo no PNAS parece indicar que as memórias de Gould e de Demócrito se regozijariam com a notícia.

terça-feira, junho 10, 2008

Torga e Camões III


Macau, 10 de Junho de 1987

Na Gruta de Camões


Tinhas de ser assim:

O primeiro

Encoberto

Da nação.

Tudo ser bruma em ti

E claridade.

O berço,

A vida,

O rastro

E a própria sepultura.

Presente

E ausente

Em cada conjuntura

Do teu destino.

Poeta universal

De Portugal

E homem clandestino.


Miguel Torga in Diário XV, 1990

Torga e Camões II

Coimbra, 11 de Janeiro de 1980

Lápide


Luís Vaz de Camões.

Poeta infortunado e tutelar.

Fez o milagre de ressuscitar

A Pátria em que nasceu.

Quando, vidente, a viu

A caminho da negra sepultura,

Num poema de amor e de aventura

Deu-lhe a vida

Perdida.

E agora,

Nesta segunda hora

De vil tristeza,

Imortal,

É ele ainda a única certeza

De Portugal.


Miguel Torga in Diário XIII

Torga e Camões

Camões


Nem tenho versos, cedro desmedido

Da pequena floresta portuguesa!

Nem tenho versos, de tão comovido

Que fico a olhar de longe tal grandeza.



Quem te pode cantar, depois do Canto

Que deste à pátria, que to não merece?

O sol da inspiração que acendo e que levanto

Chega aos teus pés e como que arrefece.



Chamar-te génio é justo, mas é pouco.

Chamar-te herói, é dar-te um só poder.

Poeta dum império que era louco,

Foste louco a cantar e louco a combater.



Sirva, pois, de poema este respeito

Que te devo e professo,

Única nau de sonho insatisfeito

Que não teve regresso!


Miguel Torga in Poemas Ibéricos, 1965

Bocage e Camões

Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co' o sacrílego gigante;

Como tu, junto ao Ganges sussurrante,
Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.

Ludíbrio, como tu, da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.

Modelo meu tu és, mas... oh, tristeza!...
Se te imito nos transes da Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.


Post de Pedro Luna in Blog Em defesa da Escola Pública e da Dignidade da Docência

Sextina camoniana




Foge-me pouco a pouco a curta vida,
– se por caso é verdade que inda vivo – ;
vai-se-me o breve tempo d’ante os olhos;
choro pelo passado em quanto falo,
se me passam os dias passo a passo,
vai-se-me enfim a idade, e fica a pena.

Que maneira tão áspera de pena!
Que nunca uma hora viu tão longa vida
em que possa do mal mover-se um passo!
Que mais me monta ser morto que vivo?
Para que choro, enfim? Para que falo,
se lograr-me não pude de meus olhos?

Ó fermosos, gentis e claros olhos,
cuja ausência me move a tanta pena,
quanta se não compreende em quanto falo!
Se, no fim de tão longa e curta vida,
de vós m’inda inflamasse o raio vivo,
por bem teria tudo quanto passo.

Mas bem sei que primeiro o extremo passo
me há-de vir a cerrar os tristes olhos
que Amor me mostre aqueles por que vivo.
Testemunhas serão a tinta e pena,
que escreveram de tão molesta vida
o menos que passei, e o mais que falo.

Oh! Que não sei que escrevo, nem que falo!
Que se de um pensamento noutro passo,
vejo tão triste género de vida
que, se lhe não valerem tanto os olhos,
não posso imaginar qual seja a pena
que traslade esta pena com que vivo.

Na alma tenho contino um fogo vivo,
que, se não respirasse no que falo,
estaria já feita cinza a pena;
mas, sobre a maior dor que sofro e passo
me temperam as lágrimas dos olhos,
com que, fugindo, não se acaba a vida.

Morrendo estou na vida, e em morte vivo;
vejo sem olhos e sem língua falo;
e juntamente passo glória e pena.

Amor é um fogo que arde sem se ver




Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter, com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Música alusiva à data...

Valsinha das Medalhas - Rui Veloso
(letra Rui Veloso e Carlos Tê, música Rui Veloso)


Valsinha das Medalhas - Rui Veloso



Já chegou o dez de Junho, o dia da minha raça
Tocam cornetas na rua, brilham medalhas na praça
Rolam já as merendas, na toalha da parada
Para depois das comendas, e Ordens de Torre e Espada
Na tribuna do galarim, entre veludo e cetim
Toca a banda da marinha, e o povo canta a valsinha


REFRÃO
Encosta o teu peito ao meu, sente a comoção e chora
Ergue o olhar para o céu, que a gente não se vai embora
Quem és tu donde vens, conta-nos lá os teus feitos
Que eu nunca vi pátria assim, pequena e com tantos peitos


Já chegou o dez de Junho, há cerimónia na praça
Há colchas nos varandins, é a Guarda d'Honra que passa
Desfilam entre grinaldas, velhos heróis d'alfinete
Trazem debaixo das fraldas, mais Índias de gabinete
Na tribuna do galarim, entre veludo e cetim
Toca a banda da marinha, e o povo canta a valsinha

Dia de Portugal - outra poesia

O Meu Pior Poema

...

Tá, tátátáaa! Tátátá, tátátáaaa!
Trrrrum! Trrrrum!
Trrrrum! Trrrrum!
Prrrpum! Prrrpum!
Tá, tátátá! Tarari, tátátáaaa!
Tá! Tátá! Tátá, tátá, tátá!
Trrrrrrum!!
Trrrrrr... rum! Trrrrrrr... rum!
Trrrr... rum! Trrrrr... rum!
Trrr... rum! Trrr... rum!
Trrrr... pum!!

...

Click! Click! Click!
Foooogo!!
BUUUUUMM!!!

(Chegaram.
Viram.
Mataram.
Ah! Valorosos!
A Pátria vos saúda!)


in Sonhos Salgados, Adelino, 1997

Dia de Portugal - António Gedeão



Poema da Alfarrobeira



Era Maio, e havia flores vermelhas e amarelas

nos campos de Alfarrobeira.



O homem,

de burel grosso e barba de seis dias,

arrastava os tamancos e o cansaço.

Ao lado iam seguindo os bois puxando o carro,

naquele morosíssimo compasso

que engole o tempo ruminando o espaço.



Era um velho mas tinha a voz sonora

e com ela incitava os bois em andamento,

voz cantada que os ecos prolongavam

indefinidamente.

Era um deus soberano e maltrapilho

a cuja imperiosa voz aquelas massas

de carne musculada

maciça, rude, bruta, inamovível,

obedeciam mansas e seguiam

no sulco aberto

como se um pulso alado as dirigisse,

mornas e sonolentas.



A voz era a de um deus que os mundos cria,

que do nada faz tudo,

que vence a inércia e anula a gravidade,

que levita o que pesa e o trata como leve.

Potência aliciadora alonga-se e prolonga-se

nos plainos da paisagem,

enquanto os animais prosseguem no caminho

do seu quotidiano,

pensativos e absortos.



Lá em baixo, na margem do ribeiro,

estendido sobre a erva,

jaz o infante.

Do seu coração ergue-se a haste de um virote

erecta como um junco,

e já nenhuma voz o acordará.



in Novos Poemas Póstumos – António Gedeão

Zeca canta Fernando Pessoa


No comboio descendente - Zeca Afonso:



No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada.
Uns por verem rir os outros
E outros sem ser por nada
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...

No comboio descendente
Vinham todos à janela
Uns calados para os outros
E outros a dar-lhes trela
No comboio descendente
De Cruz Quebrada a Palmela...

No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono,
E outros nem sim nem não
No comboio descendente
De Palmela a Portimão

Fernando Pessoa

Dia de Portugal - Pablo Neruda III

II La Cítara Olvidada

Oh Portugal hermoso
cesta de fruta y flores,
emergesen la orilla plateada del océano,
en la espuma de Europa,
con la cítara de oro
que te dejó Camoens,
cantando con dulzura,
esparciendo en las bocas del Atlántico
tu tempestuoso olor de vinerías,
de azahares marinos,
tu luminosa luna entrecortada
por nubes y tormentas.

Pablo Neruda



Dia de Portugal - Pablo Neruda II

V La Lámpara Marina

Portugal, vuelve al mar, a tus navíos,
Portugal, vuelve al hombre, al marinero,
vuelve a la tierra tuya, a tu fragancia,
a tu razón libre en el viento,
de nuevoa la luz matutina
del clavel y la espuma.
Muéstranos tu tesoro,
tus hombres, tus mujeres.
No escondas más tu rostro
de embarcación valiente
puesta en las avanzadas de Océano.
Portugal, navegante,
descubridor de islas,
inventor de pimientas,
descubre el nuevo hombre,
las islas asombradas,
descubre el archipélago en el tiempo.
La súbita
aparición
del pan
sobre la mesa,
la aurora,
tú, descúbrela,
descubridor de auroras.
Cómo es esto?
Cómo puedes negarte
al ciclo de la luz tú que mostraste
caminos a los ciegos?
Tú, dulce y férreo y viejo,
angosto y ancho padre
del horizonte, cómo
puedes cerrar la puerta
a los nuevos racimos
y al viento con estrellas del Oriente?
Proa de Europa, busca
en la corriente
las olas ancestrales,
la marítima barba
de Camoens.
Rompe
las telaranãs
que cubren tu fragrante arboladura,
y entonces
a nosotros los hijos de tus hijos,
aquellos para quienes
descubriste la arena
hasta entonces oscura de la geografía deslumbrante,
muéstranos que tú puedes
atravesar de nuevo
el nuevo mar oscuro
y descubrir al hombre que ha nacido
en las islas más grandes de la tierra.
Navega, Portugal, la hora
llégó, levanta
tu estatura de proa
y entre las islas y los hombres vuelve
a ser camino.
En esta edad agrega
tu luz, vuelve a ser lámpara:
aprenderás de nuevo a ser estrella.

Pablo Neruda

Pablo_neruda_1

Dia de Portugal - Pablo Neruda


SAUDADE


Saudade
—¿Qué será?... yo no sé... lo he buscado
en unos diccionarios empolvados y antiguos
y en otros libros que no me han dado el significado
de esta dulce palabra de perfiles ambiguos.

Dicen que azules son las montañas como ella,
que en ella se oscurecen los amores lejanos,
y un noble y buen amigo mío (y de las estrellas)
la nombra en un temblor de trenzas y de manos.

Y hoy en Eça de Queiroz sin mirar la adivino,
su secreto se evade, su dulzura me obsede
como una mariposa de cuerpo extraño y fino
siempre lejos —¡tan lejos!— de mis tranquilas redes.

Saudade... Oiga, vecino, ¿sabe el significado
de esta palabra blanca que como un pez se evade?
No... Y me tiembla en la boca su temblor delicado...
Saudade...

in Crepusculario - LOS CREPÚSCULOS DE MARURI - Pablo Neruda

segunda-feira, junho 09, 2008

A Galiza canta Camões em homenagem a Zeca Afonso

Uxia - Verdes São Os Campos




Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

José Mário Branco canta soneto de Camões




Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades - José Mário Branco


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Dia de Camões e de Portugal

Camões e a tença


Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.

E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.

Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.

Este país te mata lentamente.


Sophia de Mello Breyner Andresen, Grades (1970)

Portugal, país de poetas e poesia

Vamos hoje iniciar uma série de posts sobre poetas portugueses e a sua poesia, pois, na véspera do Dia de Portugal (somos o único país do Mundo que comemora o nascimento de um poeta - zarolho e tudo - como o seu maior cidadão...) e pouco antes de se comemorarem os 120 anos do nascimento de Fernando Pessoa (já no próximo dia de S.º António) há que celebrar as palavras e as ideias dos portugueses que se tornaram imortais... Pois se a euforia de uns tipos que fazem poesia com os pés (e a cabeça...) nos faz esquecer o quão fundo batemos enquanto nação, há que pegar na Poesia e recordar o que de facto interessa.




Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!


in Mensagem, Fernando Pessoa

Sismo na Grécia - notícia no Público

Abalo de 6,5 na escala de Richter
Grécia: sismo no Peloponeso mata duas pessoas e fere mais de 30
08.06.2008 - 18h47 Agências

O violento sismo de 6,5 na escala de Richter que abalou hoje a península grega de Peloponeso, no sul do país, matou duas pessoas e feriu pelo menos trinta, provocando ainda vários danos em habitações.

Um homem de cerca de 60 anos foi esmagado pelo tecto da sua casa, em Kato Achaïa, a noroeste do Peloponeso. Na mesma zona, uma mulher de 80 anos morreu com uma paragem cardíaca, na sequência do sismo.

De acordo com as entidades que estão a prestar auxílio nas regiões afectada, até ao momento há pelo menos trinta feridos, a maior parte com fracturas.

O abalo, que se sentiu em várias zonas, chegando mesmo a Atenas, aconteceu às 15h25 locais (12h25 de Lisboa), a 205 quilómetros a oeste da capital, de acordo com o Instituto Geodinâmico do Observatório de Atenas.

“O sismo foi terrível, nunca se tinha sentido tanto apesar de estarmos acostumados a este tipo de fenómenos. Durou muito tempo e todos saíram para a rua”, disse à televisão pública Net o presidente da Câmara Municipal de Pyrgos, Georges Paraskevopoulos.

Quando a danos materiais, algumas testemunhas referiram que a principal igreja da cidade sofre “grandes estragos” e que os edifícios do centro, os mais antigos, ficaram com muitas fissuras.

Além disso, a circulação foi cortada em Diakopto, devido a um desabamento que afectou também a linha de comboio, e várias localidades ficaram sem electricidade, o que tem dificultado as comunicações.

As autoridades já alertaram que são de esperar réplicas fortes do sismo nos próximos dias e apelaram ao sangue frio dos gregos para evitar cenas de pânico como as deste domingo.

Uma equipa de especialistas em estruturas começou entretanto a verificar o estado das escolas para garantir que os alunos não correm perigo.


in Público on-line - ler notícia

NOTA: Post n.º 600º do nosso Blog...!

sábado, junho 07, 2008

Actividade - Noite no LABORATORIUM‏


Do Visionarium, em Santa Maria da Feira (um dos melhores Centros de Ciência do nosso país...) recebemos o pedido de divulgação da seguinte actividade:

(clicar para aumentar)

sexta-feira, junho 06, 2008

Olimpíadas da Saúde - Final


Ganhámos!!!

Realizou-se, hoje, no Estádio de Leiria, a final das Olimpíadas da Saúde, actividade organizada pela Escola Superior de Saúde de Leiria. Estiveram envolvidos alunos do 9º ano de várias escolas de Leiria: Marrazes, D. Dinis, José Saraiva e Correia Mateus.
Está de parabéns a Escola Superior de Leiria pela organização e simpatia com que nos recebeu. Sentimo-nos como num concurso de TV ou numa final de um mundial a torcer pela nossa selecção
Numa final muito barulhenta, renhida, emotiva e imprópria para cardíacos, a equipa representante da nossa escola - Proteínas.com (9ºB) - esteve de parabéns, pois além de responder acertadamente às questões da 1ª ronda, foram os mais rápidos a carregar no botão na 2ª ronda.
No início, a equipa da José Saraiva destacou-se, mas a Correia Mateus foi recuperando e quando faltava apenas uma pergunta estavam empatados a 16 pontos!

Os alunos da Correia Mateus deram as mãos e ...
retirou-se a última pergunta...
leu-se a pergunta...
ouviu-se o sinal sonoro...
carregaram no botão...
1ª equipa a carregar...
Proteínas.com...
responderam...
está certo!!!
Ganharam!!!

Foi o delírio, gritos, abraços, saltos! Alunos e professores festejaram com alegria e orgulho!!!

Parabéns Proteínas.com!
Parabéns 9ºB!
Parabéns Escola Dr. Correia Mateus

(mais fotos em breve)

Olimpíadas da Saúde




Realizou-se, ontem, no auditório do Hospital Sto. André, a semi-final das Olimpíadas da Saúde com os alunos do 9ºano da EB 2º 3º ciclos Dr. Correia Mateus. As Olimpíadas da Saúde inserem-se no Projecto "Pensar Saudável-Viver Saudável" dinamizado pela Escola Superior de Saúde de Leiria e desenvolvido na nossa escola em Área de Projecto.
Ao longo do 3º período decorreram acções formativas dinamizadas por alunos do 4º ano da Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde de Leiria no âmbito das seguintes áreas temáticas: Alimentação Saudável, Promoção de Estilos de Vida Saudáveis e Saúde Sexual e Reprodutiva.
As acções formativas culminam com as Olimpíadas da Saúde em que os alunos são submetidos a questões sobre os temas tratados nas acções.
A semi-final da nossa escola foi muito renhida e no final a equipa mais rápida a carregar no botão foi a vencedora!

As equipas ficaram assim ordenadas:
1º - Proteínas.com - 9ºB
2º - Hormonas e neurónios - 9ºC
3º - Leucócitos armados - 9ºE
4º - Canabinóides - 9ºA

Parabéns a todos os alunos que participaram com empenho e raga mas também de acordo com as regras!!! Todos os professores ficaram orgulhosos dos seus alunos!!!


quinta-feira, junho 05, 2008

Dia Mundial do Ambiente

Recordemos o dia de hoje com um poema de Torga:



A um Negrilho


S. Martinho de Anta, 26 de Abril de 1954

Na terra onde nasci há um só poeta.
Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do sol aceso ou apagado
É nos seus olhos que se vê pousada.

Esse poeta és tu, mestre da inquietação
Serena!
Tu, imortal avena
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso
Redil de estrelas ao luar maninho.
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!


Miguel Torga in Diário VII (1956)

terça-feira, junho 03, 2008

Homenagem ao Professor Doutor António Ferreira Soares

A TERRA: CONFLITOS E ORDEM

Colóquio de homenagem ao Professor Doutor António Ferreira Soares

Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra
8 de Novembro de 2008


A Ciência faz-se de ideias criativas e de saberes acumulados pacientemente, a que a modéstia, a reflexão e a capacidade de trabalho não são alheias. Como melodias ou estilos que passam de moda, os contributos científicos têm o seu tempo, para depois se diluírem no património anónimo que detém cada ramo do saber. Deste contínuo sobressaem esteios, sobre os quais repousam as marcas indeléveis deixadas por personalidades marcantes, cujo carácter, erudição e obra contribuíram de modo expressivo para o progresso de um domínio do conhecimento.

Tais factos ditam a presente homenagem, merecida por quem labuta há mais de meio século nas entrelinhas do livro da Terra, descochando novelos do grande e intricado nó górdio que é a Geologia de Portugal. O seu estilo e saberes são conhecidos por todos aqueles que fizeram das ciências geológicas e geográficas o seu modus operandi, muitos dos quais antigos alunos ou orientandos, nos quais se arraigaram raízes e laivos profundos do leitmotiv que o Mestre sempre procurou imprimir.

Assim desponta este convite à comunidade científica e ao universo escolar português, para um convívio singelo na Universidade de Coimbra, em torno de um justo tributo ao Professor Doutor António Ferreira Soares e ao seu papel incontornável, sempre cumprido de forma entusiasta, em prol da ciência e do ensino.