domingo, fevereiro 28, 2010

Reciclagem de óleos alimentares - notícia (II)

E você, já recicla o óleo dos fritos?
Por Helena Geraldes (helena.geraldes@publico.pt)


Os oleões têm passado os últimos anos meio escondidos. Hoje, as autarquias estão a levá-los para as ruas... e para as cozinhas.


Centenas de câmaras municipais por todo o país estão a esforçar-se para aumentar a família dos vidrões, papelões, plasticões e pilhões. De Norte a Sul, os munícipes começam a deparar-se com oleões nos passeios, de várias cores e feitios. E estamos só no princípio.

Depois do vidro, papel, metal, plásticos e pilhas, é chegada a vez de recolher o óleo alimentar usado que as cozinhas portuguesas deitam fora, à razão de entre 43 mil e 65 mil toneladas por ano. Desde o óleo que sobra das frituras àquele que escorremos das latas de atum. A maioria vem do sector doméstico (62 por cento), o resto é da hotelaria, restauração e bebidas (37 por cento).

Até há bem pouco tempo, a recolha de óleos alimentares usados era promovida com contentores em escolas, juntas de freguesia, hipermercados ou quartéis dos bombeiros. Mas algo mudou a 1 de Novembro de 2009, quando entrou em vigor o Decreto-Lei n.º 267/2009: a partir desse dia, o desafio deixou de ser voluntário e pontual para se tornar nacional e obrigatório.

"A nossa primeira abordagem, no mandato anterior, foi promover acordos voluntários. Foi um esforço meritório mas não deu os resultados de acordo com a nossa ambição", explica Humberto Rosa, secretário de Estado do Ambiente, em declarações ao Cidades. "Por isso decidimos avançar para um modelo obrigatório. Tínhamos a percepção de que o país já estava maduro."

Hoje em dia, estão instalados 439 pontos de recolha de óleos alimentares usados em Portugal, de acordo com os dados mais recentes da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) a que o Cidades teve acesso. A agência que acompanha o cumprimento da legislação ainda não tem dados sobre os Açores, Beja, Évora, Setúbal e Viana do Castelo.

Segundo o Decreto-Lei n.º 267/2009, a primeira meta é o ano de 2011. Até 31 de Dezembro desse ano, os municípios com mais de 300 mil habitantes devem disponibilizar, pelo menos, 40 pontos de recolha. Em 2015, esse número deverá ser o dobro. Consoante o número de habitantes, o número de oleões varia, até chegar aos municípios com menos de 25 mil habitantes. Estes devem disponibilizar oito pontos de recolha até ao final de 2011 e 12 até ao final de 2015.

Os distritos de Lisboa e o arquipélago da Madeira são aqueles que têm, na totalidade, maior número de pontos de recolha, entre 60 e 110. Seis distritos têm menos de 20 pontos de recolha.

Mas Portalegre e Bragança são os distritos com maior número de pontos de recolha por 100 mil habitantes, 146 e 75, respectivamente.

Humberto Rosa está satisfeito com o ritmo a que as autarquias estão a aderir a esta missão. Colocar oleões nas ruas está a acontecer "a um ritmo muito bom. Não encontrámos qualquer resistência" e "várias câmaras têm as suas próprias iniciativas". É o caso do Seixal, onde dez viaturas municipais já são alimentadas graças ao óleo alimentar usado que os moradores entregaram, e de Setúbal, que sensibilizou as escolas para ajudar na recolha destes resíduos. O Barreiro começou em Abril do ano passado, colocando 15 contentores nas escolas e restaurantes. E a Praia da Vitória, nos Açores, lançou uma campanha de recolha porta-a-porta no centro urbano. Mas estas estão longe de serem as únicas câmaras preocupadas com a poluição dos óleos.


Óleo, esse grande poluidor

Na verdade, estes resíduos nada têm de inocente. Segundo a APA, um litro de óleo doméstico deitado no ralo da banca da cozinha chega a contaminar, de uma só vez, um milhão de litros de água.

Cármen Lima, da Quercus, lembra ainda que quando os óleos são deitados pelo ralo e acabam na conduta do prédio, "a acumulação de gorduras causa problemas nas próprias instalações dos edifícios". E quando entram nas estações de tratamento de águas residuais "são mais um resíduo que tem de ser removido, o que acrescenta despesa no tratamento suplementar".

Finalmente, quando chegam aos rios, não deixam de ser um "produto que não é natural. Apesar de não ser um produto perigoso como o óleo das oficinas, aumenta a carga orgânica de tal forma que leva à falta de oxigénio para a vida aquática", explica.

Mas, no final do dia, grande parte do sucesso deve-se aos cidadãos. "Estes vêem com bons olhos os oleões. Isto faz com que as câmaras disponibilizem este serviço aos munícipes", alega Humberto Rosa.

Segundo Cármen Lima, "há três tipos de autarquias: as que já tinham recolha; as que se estão a esforçar com alguma dificuldade por causa dos custos financeiros; e outras que estão completamente perdidas". Mas cada vez há mais câmaras a estabelecer parcerias com empresas que as ajudam a adquirir os oleões e a recolherem os óleos usados, transformando-os em biodiesel. É toda uma nova dinâmica de negócio.

Ao contrário do que acontece com pilhas, medicamentos e pneus, por exemplo, os óleos alimentares usados não terão uma entidade gestora, frisa Humberto Rosa. "Estão muito bem definidas as responsabilidades de cada um dos intervenientes. O fluxo está completo sem necessidade de uma entidade", assevera.

Reciclagem de óleos alimentares - notícia

Quatro exemplos de Norte a Sul

Em Oeiras, o contentor que serve para a recolha de óleos alimentares usados foi pensado de raiz. Cada ponto de recolha, em cor de laranja, dispõe de sensores que medem o nível de enchimento. No início, havia quem pusesse lá dentro outros resíduos, mas agora a população já se habituou

Corria o ano de 2005 quando a câmara e o ISQ (Instituto de Soldadura e Qualidade) entenderam que Oeiras deveria ter um sistema de recolha de óleos alimentares usados, do sector doméstico. Em Outubro arrancou o Oilprodiesel, projecto Life Ambiente que viria a ser escolhido pela Comissão Europeia como um dos 57 melhores que foram concluídos em 2009.

"Queríamos recolher os óleos que iam para o esgoto ou para o lixo", explica Marco António Estrela, do ISQ. Pensaram um oleão de raiz, com sensores para mediar o enchimento. Cor de laranja. Lá dentro, as pessoas deviam colocar o óleo em garrafas de plástico para evitar sujidade.

Os 20 oleões começaram a ser instalados em Junho de 2008. Marco Estrela diz que a iniciativa "teve uma adesão muito grande", mas, de início, "houve enganos". "As pessoas depositavam outras coisas lá dentro". O Oilprodiesel acabou em Março de 2009, mas os oleões continuam na rua. "Os níveis de recolha já são de 14 toneladas por mês". Oeiras não foi a única que se antecipou à legislação. Depois de recolher o óleo dos restaurantes, Vila Real passou a recolher o óleo doméstico, conta o vereador do Ambiente, Miguel Esteves. O primeiro oleão foi colocado nas ruas no início de 2009. "Começámos sem ter em conta a legislação que aí vinha."

Hoje são sete contentores e, garante, "durante o próximo ano serão cumpridas as metas para 2011". A receptividade tem sido "bastante boa". Em 2009 foram recolhidos 1200 litros de óleo.


Reciclar depois do jantar

Engana-se quem pensar que só há uma maneira de resolver o problema dos óleos alimentares usados e que o território dos oleões se limita à rua. Penafiel decidiu pô-los nas cozinhas de cada lar da cidade.

"Há cinco anos já estavam instalados oleões de 50 litros nos restaurantes. Em 2009 quisemos abranger o consumidor final e preparar o terreno para a legislação que aí vinha", explica Antonino de Sousa, vereador com o pelouro da Sustentabilidade Ambiental.

Em Junho de 2009, uma equipa de sete pessoas distribuiu, porta a porta, mais de 2500 minioleões de cinco litros, verdes, de funil incorporado e com tampa antiderrame. Quando estão cheios, as pessoas deslocam-se aos cinco oleões, cada um com capacidade para 200 litros, entretanto espalhados pela cidade.

Além disso, a câmara disponibilizou uma Linha Verde para esclarecimentos sobre os oleões. "A reacção das pessoas foi muito boa", disse o vereador, referindo que existem moradores de zonas não abrangidas pela iniciativa que contactaram a autarquia a pedir minioleões. "Foi interessante ver que havia pessoas de outras freguesias que se deram ao trabalho de vir aqui buscar o seu oleão e que estão dispostas a vir à cidade depositar o seu óleo."

Desde Junho do ano passado, os cinco oleões já foram despejados uma vez. "Se calhar agora já estão outra vez a precisar", estimou o vereador. Este ano, a câmara assinou um protocolo com uma empresa para instalar mais 20 pontos de recolha. Até 2011 haverá um destes contentores ao lado de cada um dos 150 ecopontos de Penafiel.


Do restaurante à nossa casa

A instalação de pontos de recolha para os óleos alimentares usados avança a diferentes velocidades. Ponte de Lima é uma das câmaras municipais que agora está a começar. Porém, não é uma novata no que aos óleos diz respeito.

Desde Novembro de 2008 que há recolha dos óleos produzidos nas cantinas do ensino básico. Agora prepara-se para alargar a recolha ao cidadão comum, ajudando assim a reduzir o "risco de contaminação dos solos e água" que os óleos provocam, quando são eliminados pelos colectores urbanos.

A forma de gestão da rede de recolha selectiva municipal de óleo alimentar usado foi aprovada, por unanimidade, há menos de um mês, a 8 de Fevereiro.

Segundo explicou a vereadora Estela Almeida, com o pelouro do Ambiente, a câmara vai lançar um concurso para uma parceria com uma empresa específica para a gestão de rede de oleões. A autarquia prevê instalar na cidade 16 contentores e sensibilizar as empresas locais a aderir à recolha. Quem aceitar fará parte da rede de empresas amigas do ambiente.

Museu da Ciência da Universidade de Coimbra - resenha de uma actividade

Post em estereofonia com o Blog Geopedrados:

No passado domingo, dia 21.02.2010, decorreu, conforme por nós aqui anunciado, uma actividade para famílias de divulgação da Geologia no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, intitulada Descobre os Recursos Minerais.

Nós (eu e o meu filhote...) lá fomos e gostámos imenso - as Doutoras (e nossas antigas professoras de curso) Celeste Gomes e Elsa Gomes partilharam um pouco da sua sabedoria com os muitos que pagaram bilhete para esta actividade. Assim vimos primeiro uma apresentação multimédia sobre recursos minerais, seguida de diversas actividades práticas, bem ao gosto dos mais novos, em que descobrimos que em quase tudo há substâncias que os homens tiveram de extrair, com ajuda da Geologia, do interior do nosso planeta. Podemos ainda ver amostras de rochas, fazer um colar com um mineral ou rocha previamente furado, ver rochas ao microscópio petrográfico, desenhar minerais e muitas outras coisas (por exemplo o meu João teve o privilégio de comandar autonomamente o globo em que são projectadas superfícies planetárias do Sistema Solar).

Deu ainda para fazer umas compras na Loja (um livro e um boneco...) e matar saudades da alta de Coimbra - há que dar os parabéns ao Museu e às Doutoras Celeste Gomes e Elsa Gomes, bem como as monitoras (algumas estudantes de Geologia - quase mestras bolonhesas...) pela qualidade da actividade!

Aqui ficam algumas fotos, para memória futura:

Parte dos participantes, com número significativo de escuteiros de Barcouço

Apresentação inicial

Explicação inicial

Atelier com actividades

Lâmina delgada observada em microscópio petrográfico

Um futuro petrólogo?!?

Comandando o sistema de projecção dos principais astros do Sistema Solar

Desenhando minerais na Sala de Exposição principal

sábado, fevereiro 27, 2010

Efeitos do sismo do Chile no DN

Tragédia no Chile pode ser muito superior à do Haiti


O sismo de 8,8 que abalou o Chile pode ter feito mais mortes e causado mais destruição que o do Haiti, há mês e meio, em que morreram 300 mil pessoas.O sismo foi 500 a mil vez mais forte que o do Haiti. Já há 85 vítimas mortais confirmadas

Um sismo registado ao largo do Chile - e que o Instituto Geológico dos EUA estima ser de 8,8 na escala de Richter - causou pelo menos 86 mortos, segundo a primeira avaliação anunciada pela presidência do país. Entre as vítimas não há, para já, registo de portugueses. A presidente chilena já declarou o estado de catástrofe.

O sismo que, segundo o observatório norte-americano teve uma dimensão com "potencial para gerar um tsunami destrutivo que pode atingir a costa mais próxima do epicentro em minutos e as zonas de litoral mais afastadas em horas", foi seguido de uma réplica de 6,2 graus na escala de Richter.

Embora não seja ainda possível verificar a amplitude dos estragos, as agências internacionais descrevem um cenário de ampla destruição com muitos danos materiais.
O fenómeno, com maior intensidade junto à costa do Chile, foi sentido também em países próximos, tendo sido dado o alerta de tsunami nesse país, no Peru e no Equador tendo o Japão reactivado o alerta também.

Segundo o observatório US Geological Survey, dos Estados Unidos, o terramoto ocorreu às 03:34 locais (06:34 em Lisboa), com epicentro a 317 quilómetros a sudoeste da capital do Chile, Santiago, a 59,4 quilómetros de profundidade.

in DN - ler notícia

O Tsunami - antevisão no Público

Depois do sismo no Chile
Havai e dezenas de regiões temem consequências de um tsunami
27.02.2010 - 13:30 Por PÚBLICO

Um tsunami poderá causar estragos ao longo das costas de todas as ilhas do Havai, avisou o Centro de Prevenção de Tsunamis do Pacífico.

"Deve-se actuar com urgência para proteger vidas e propriedades", disse aquele centro, na sequência do abalo sísmico com a magnitude de 8,8 que causou pelo menos 78 mortos no Norte e no Sul do Chile.

"Toda a gente está avisada, porque a vaga está a caminho", disse à Reuters o geofísico Victor Sardina, numa altura em que 53 países se encontram preocupados com esta possibilidade de um tsunami, susceptível de afectar zonas tão distantes umas das outras como a América do Sul e a ilha Sacalina, no Extremo Oriente russo.

A primeira série de ondas que constitui um tsunami deverá atingir o Hawai pelas 11h19 locais (21h19 em Lisboa), calculou o Centro de Prevenção, onde se admitiu que algumas vagas tenham dois metros de altura.

O pior dos cenários admitidos é Hilo Bay, na ilha do Havai, pois a forma da baía favorece aí o crescimento das ondas.

A Califórnia e o Alasca também poderão ser afectados, mas numa proporção mínima.

O sismo de hoje de madrugada derrubou casas e hospitais, nomeadamente na cidade de Conceição, e obrigou a encerrar o aeroporto de Santiago do Chile, com os voos desviados para o aeroporto argentino de Mendoza e para a capital peruana, Lima.

O epicentro foi 90 quilómetros a nordeste de Conceição (sic), a uma profundidade de 35 quilómetros. E uma grande vaga atingiu o arquipélago de Juan Fernandez, ao largo da Costa chilena.

Vinte anos de sismos no Público

Mais de 600 mil mortos
Os piores sismos nos últimos 20 anos
27.02.2010 - 10:47 Por PÚBLICO

13 Dezembro 1992
A ilha das Flores, na Indonésia, foi arrasada por um tremor de 7,5 graus, que matou 2500 pessoas.

30 Setembro 1993
Um terramoto de 6,4 graus causa 7.601 mortos e faz 15.846 feridos no Estado indiano de Maharastra.

17 Janeiro 1995
Na cidade de Kobe, no Ocidente do Japão, um tremor de terra de 7,2 deixa 6400 vítimas mortais.

30 Maio 1998
A província de Tajar, no Noroeste do Afeganistão, sofre um sismo de 7,1 graus que deixa 5000 mortos.

17 Agosto 1999
No Noroeste da Turquia, incluindo Istambul, um terramoto de 7,4 graus mata mais de 17 mil pessoas e faz uns 30 mil feridos.

26 Janeiro 2001
Pelo menos 15.500 pessoas morrem num sismo de 6,9 graus com epicentro em Bhuj, em Gurajat, na Índia.

26 Dezembro 2003
Um terramoto de 6,3 graus causa 26.271 mortos em Bam, no Irão, que fica destruída a 70 por cento. Mais de um terço dos 200 mil habitantes fica sem casa.

26 Dezembro 2004
A ilha indonésia de Sumatra é varrida por um sismo de 8,9 graus, com epicentro em Aceh, que causa mais de 280 mil mortos em doze países da Ásia e de África.

8 Outubro 2005
Caxemira, fronteiriça com o Paquistão e a Índia, diz ter sofrido 86 mil mortos e 40 mil feridos num sismo de 7,6 graus. Do lado indiano, há milhares de vítimas mortais.

27 Maio 2006
Na ilha de Java, Indonésia, um sismo de 6,2 deixa 6234 mortos, 20 mil feridos e 340 mil deslocados.

12 Maio 2008
Wenchuan, na China, é o epicentro de um sismo de 7,8 graus, que deixa 90 mil mortos.

12 Janeiro 2010
No Haiti, um sismo com a magnitude 7, fez aproximadamente 220.000 mortos.

Sismo no Chile - notícia no jornal Correio da Manhã

Atingiu 8,8 na escala de Richter
Chile: Forte sismo faz vítimas e gera tsunami (EM ACTUALIZAÇÃO)
27 Fevereiro 2010 - 10h57


Um forte tremor de terra provocou pelo menos 78 mortes no Chile e originou um alerta de tsunami no Oceano Pacífico esta madrugada. O abalo, que atingiu 8,8 na escala de Richter, foi sentido durante cerca de um minuto quando eram 03h34 no país sul-americano (06h34 em Portugal Continental).

Segundo os primeiros relatos, vários edifícios ruíram, houve cortes de energia e foram confirmadas 78 mortes, prevendo-se que o número oficial de vítimas vá disparar durante este sábado.

A presidente chilena Michelle Bachelet, que está prestes a ceder o lugar a Sebastian Piñera, dirigiu-se à população, apelando para que fiquem calmos apesar do “enorme terramoto”.

O epicentro do terramoto localizou-se no Pacífico, 325 quilómetros a sudoeste de Santiago do Chile, mas a apenas 90 quilómetros de Concepción, a segunda cidade chilena, onde vivem mais de 200 mil pessoas.

Relatos no Twitter indicam que a cidade de Chillán já foi considerada uma zona de catástrofe.

O sismo que arrasou o Haiti a 12 de Janeiro, provocando mais de 100 mil mortos, chegou a apenas 7,0 na escala de Richter.


GOVERNO DECLARA ESTADO DE CATÁSTROFE

Duas réplicas, de intensidade 6,2 e 5,6 levaram o governo do Chile a decretar já o estado de catástrofe no país.

Na sequência do abalo principal, de 8,8 na escala de Richter, o Instituto Geológico dos Estados Unidos emitiu um alerta de tsunami ao Chile e ao Peru, enquanto o Japão optou também por reactivá-lo, depois de o ter levantado na sexta-feira à noite, após o seu território ter sido abalado por um terramoto de grau 7,7.

As autoridades norte-americanas colocaram também a Colômbia, a Antárctida, toda a América Central e a Polinésia em vigilância.

De acordo com o Instituto Geológico dos EUA, o abalo teve uma dimensão para gerar um tsunami destrutivo que pode atingir a costa mais próxima do epicentro em minutos e as zonas de litoral mais afastadas em horas'.

Embora não seja ainda possível verificar a amplitude dos estragos, as agências internacionais descrevem um cenário de ampla destruição com muitos danos materiais.


'ONDA DE 40 METROS' NA ILHA DE JUAN FERNÁNDEZ

Ainda que a Presidente do país, Michelle Bachelet, tenha descartado a hipótese de tsunami, na ilha de Juan Fernández foi registada uma onda de grandes proporções que avançou até metade do seu território, tendo os habitantes sido obrigados a refugiarem-se em zonas mais elevadas.

A cadeia de televisão norte-americana CNN avança que a onde pode ter atingido uma altura de “40 metros”, embora não exista, para já, registo de vítimas.

Por seu turno, as zonas costeiras da Ilha de Páscoa foram evacuadas perante a possibilidade de ser atingida por ondas gigantes.


DIRECTO DE CANAL CHILENO:

O sismo do Chile no NEIC

Os dados actuais do NEIC/USGS aqui ficam, enquanto não há mais novidades:

Earthquake Details

Magnitude8.8
Date-Time
Location35.846°S, 72.719°W
Depth35 km (21.7 miles) set by location program
RegionOFFSHORE MAULE, CHILE
Distances100 km (60 miles) NNW of Chillan, Chile
105 km (65 miles) WSW of Talca, Chile
115 km (70 miles) NNE of Concepcion, Chile
325 km (200 miles) SW of SANTIAGO, Chile
Location Uncertaintyhorizontal +/- 7.2 km (4.5 miles); depth fixed by location program
ParametersNST=255, Nph=255, Dmin=988 km, Rmss=1.12 sec, Gp= 36°,
M-type=teleseismic moment magnitude (Mw), Version=7
Source
  • USGS NEIC (WDCS-D)
Event IDus2010tfan


NOTA: localização no GoogleMaps, feita pelo NEIC:


View Larger Map

O sismo do Chile no Público - primeira notícia

Abalo provocou alerta de tsunami para vários países
Sismo ao largo da costa chilena com magnitude de 8,8 causa pelo menos seis mortos

Imagem divulgada pelo USGS que mostra a localização do abalo

Pelo menos seis pessoas morreram depois do violento tremor de terra que ocorreu esta manhã no Oceano Pacífico ao largo da costa do Chile e que registou uma magnitude de 8,8 na escala de Richter, de acordo com a última actualização feita pelo USGS (U.S. Geological Survey). Foi lançado um alerta de tsunami para as costas do Chile, Peru, Panamá, Costa Rica, Antárctida e Japão.

O mesmo serviço tinha anunciado em relatórios anteriores magnitudes de 8,3 e 8,5. O epicentro do abalo, registado às 03h34 locais (06h34 em Lisboa) e a uma profundidade de 35 quilómetros, localizou-se a 115 quilómetros a norte da cidade chilena de Conceição e a 325 quilómetros a sudoeste da capital, Santiago, refere o USGS.

O primeiro balanço foi dado pela Presidente Michelle Bachelet. A chefe de Estado teme que para além dos seis mortos já contabilizados o número de vítimas mortais possa vir a subir.

As linhas de telefone e energia eléctrica sofreram perturbações o que torna as comunicações mais difíceis para avaliar a proporção dos danos provocados pelo sismo.

Os canais de televisão locais avançam que houve danos no centro histórico de Santiago, a capital localizada a cerca de 325 quilómetros do epicentro. Muitas pessoas saíram para as ruas com medo dos efeitos do abalo. Algumas zonas da cidade ficaram totalmente às escuras.

Um sismo de magnitude superior a 8 na escala de Richter - que foi seguido de uma réplica de 6,2 - pode causar "enorme destruição", de acordo com o USGS. O abalo que destruiu a capital do Haiti, Port-au-Prince, a 12 de Janeiro, registou 7 na mesma escala.

O The Pacific Tsunami Warning Center gerou um alerta de tsunami que pode ter sido destrutivo ao longo da costa mais próxima do epicentro e que pode também ter atingido outras costas mais distantes.

O sismo do ano ocorreu esta noite no Chile

Dificilmente haverá este ano um sismo tão forte como o que ocorreu hoje no Chile às 03.34 horas locais (06.34 horas em Lisboa, que nesta altura tem o Tempo Universal Coordenado). O Anel de Fogo da Pacífico a mexer nos seus dois extremos - ontem a sul do Japão, hoje na mártir costa oeste da América do Sul - com uma brutalidade a que já não estávamos acostumados - 8,8 de magnitude e aviso de tsunami...

Sismo no sul do Japão

Atenção que os dados preliminares indicam não haver tsunami nem mortos nas ilhas próximas...



NOTA - ver mais dados no site do NEIC - AQUI.

Os último sismos em território nacional

1. Sismos nos Açores


Houve um sismo sentido pelas populações, em 13.02.2010, pelas 23.40 horas (TU - menos uma hora no tempo local açoriano), com epicentro a SE da Terceira (Castromar - latitude 38,60º e longitude -27,27º), com magnitude 1,7 e intensidade II (em São Mateus - Terceira).

Outro sismo ocorreu em 02.02.2010, pelas 16.28 horas (TU), cujo epicentro foi no Canal Faial-Pico (latitude 38,59º e -28,56º), tendo o hipocentro a 12 km de profundidade, a magnitude de 2,7 e a intensidade II na Madalena (Pico).


2. Sismo em Portugal Continental


Mais recentemente houve um sismo sentido no Alentejo, em 22.02.2010, pelas 22.12 horas (TU e hora no continente), com epicentro a W de Viana do Alentejo (num ponto com latitude 38,29º e longitude -8,24º), tendo magnitude 2,7 e intensidade II (em Alcáçovas).

Fonte: Instituto de Meteorologia (IM)

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Alerta vermelho em Portugal


Informa-se que se aproxima da Madeira e de Portugal continental uma depressão extra-tropical que deve ser acompanhada com muita atenção.


Assim, esta chegará amanhã a Portugal Continental e à Madeira, podendo o vento atingir rajadas superiores a 150km/h no litoral e terras altas, segundo o último comunicado do Instituto de Meteorologia. Haverá ainda forte precipitação e o mar terá vagas com altura significativa.

Podem acompanhar em pormenor a situação num fórum meteorológico que eu recomendo:

http://www.meteopt.com

Aproveite e envie por e-mail esta informação aos seus conhecidos para alertá-los para este evento perigoso.

E, já agora, alguns conselhos úteis para os temporais em que o vento é perigoso:

  • Evite viagens ou andar na rua
  • Evite árvores, postes e outras estruturas que possam ser derrubadas
  • Evite estaleiros de obras com gruas, chapas e outros objectos que podem ser arremessados
  • Salvaguarde objectos das suas propriedades de modo a não causarem danos a outros


Consulte obrigatoriamente os sites das entidades oficiais como o Instituto de Meteorologia e a Protecção Civil para se manter informado dos últimos avisos e alertas :

Instituto de Meteorologia: http://www.meteo.pt
Protecção Civil: http://www.proteccaocivil.pt/

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Tertúlia “Aspectos Geológicos do Litoral da Nazaré” com Galopim de Carvalho


O ciclo "Conversas na Biblioteca - Tertúlias Nazarenas" regressa no próximo dia 27 de Fevereiro de 2010 à Biblioteca Municipal da Nazaré, para falar dos “Aspectos Geológicos da Nazaré”.

O professor e geólogo Galopim de Carvalho, considerado um símbolo nacional da defesa e preservação do património cultural e científico, nomeadamente de sinais da evolução da história natural, é o convidado desta sessão, com início marcado para as 16.00 horas.

O ciclo de Tertúlias, uma actividade desenvolvida pela Biblioteca Municipal da Nazaré, visa, por um lado, fomentar o debate de ideias e, por outro, dinamizar este espaço de conhecimento, de cultura e de saber, visando a sua aproximação a públicos alargados, através da presença de figuras de destaque nacional.

Dirigidas ao público em geral, as “Conversas na Biblioteca” pretendem, ainda, fomentar o debate de ideias a partir da temática escolhida para cada sessão.

in CM Nazaré - ver aqui

Notícia sobre Espeleologia


Equipa de espeleólogos procura novas galerias em Mira de Aire

O que têm em comum um polvo, uma alforreca, uma velha, um órgão e o Pão de Açúcar? São algumas das imagens que vemos nas formações calcárias das Grutas de Mira de Aire, que continuam na corrida às Sete Maravilhas Naturais de Portugal e que no próximo Verão recebem uma equipa de geólogos em busca de novas galerias. Carlos Alberto Jorge, administrador das grutas, disse ao JORNAL DE LEIRIA que a equipa, liderada pelo geólogo e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, José Crispim virá equipada com material de mergulho e bombagem na esperança de descobrir novas ramificações da gigantesca gruta, que já se estende por três concelhos (Porto de Mós, Batalha e Alcanena) afectos a dois distritos (Leiria e Santarém). As Grutas de Mira de Aire têm 11.400 metros de área reconhecida, 600 dos quais são visitáveis. Numa visita/conferência, realizada na passada segunda-feira, às Grutas de Alvados e Mira de Aire João Salgueiro, presidente da Câmara de Porto de Mós, não escondeu as “fortes expectativas de continuar em frente na próxima etapa do concurso (dia 7 de Março) e ficar classificada como uma das Sete Maravilhas Naturais de Portugal”.

in Jornal de Leiria - Edição 1337, de 25 de Fevereiro de 2010

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Seminário sobre Sustentabilidade na Indústria Extractiva

Seminário sobre Sustentabilidade na Indústria Extractiva
Seminário “Sustentabilidade na Indústria Extractiva”

24 de Fevereiro de 2010 (4ª) - 14.15 horas

Cine Teatro de Porto de Mós

(clicar para aumentar)

Esta iniciativa, organizada pela Câmara Municipal de Porto de Mós e pelo Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, com a colaboração da Associação de Exploradores de Calçada à Portuguesa (AECP), da Associação Portuguesa de Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins (ASSIMAGRA) e da Associação Gestora de Inertes, contará com a presença de vários representantes de entidades implicadas e conhecedoras do tema.

A entrada é gratuita mas os interessados deverão proceder a uma inscrição, através do número 244 499 605 ou para o e-mail comunicacao@municipio-portodemos.pt indicando o nome individual/empresarial e contacto.

Paleontologia e paleoantropologia no DN

Hobbit da Indonésia, o primeiro colonizador?

Estudos recentes apontam o 'Homo florensiensis', espécie descoberta em 2003 na Indonésia, como o primeiro a deixar África para colonizar outros pontos do globo


Cerca de um metro de altura, cérebro do tamanho de uma laranja, pés compridos e chatos. Os cientistas chamam-lhe "hobbit", mas não saiu de nenhum livro de Tolkien. Desde 2003 que a descoberta de ossadas de uma nova espécie está a ameaçar revolucionar a história da raça humana.

Quando um grupo de investigadores australianos começou a escavar o solo de Ling Bua, uma caverna de calcário na ilha das Flores, não podia adivinhar que estavam prestes a fazer uma das mais importantes descobertas arqueológicas de sempre. A ilha indonésia escondia, até há pouco mais de seis anos, a existência de uma espécie humana que não constava nos manuais de antropologia, o Homo florensiensis.

Desde essa altura que a descoberta tem causado uma acesa discussão entre cientistas sobre a origem desta espécie, que no início se pensava serem apenas humanos "modernos" que padeciam de doenças como a microcefalia, uma patologia que conduz a um desenvolvimento reduzido do crânio e do cérebro. Uma outra teoria rejeitava o "hobbit" como sendo uma nova espécie, dizendo que estas ossadas pertenceriam aos nossos antepassados Homo erectus, que teriam encolhido devido às condições de vida na ilha. Mas estudos recentes confirmam que se trata efectivamente de uma nova espécie. Desengane-se quem pensa que a discussão acaba aqui. Um artigo publicado ontem pelo editor de ciência do jornal britânico The Observer revela que as últimas pesquisas chegaram a conclusões no mínimo surpreendentes. A expedição liderada por Mike Morwood pode ter resultado na descoberta de um descendente directo do Homo habilis, espécie que apareceu pouco após a extinção do Australopithecus , correspondente ao primeiro estado de evolução da espécie humana.

A notícia está a deixar perplexa a comunidade científica, já que o Homo habilis viveu há cerca de dois milhões de anos, enquanto o "hobbit" se extinguiu apenas há 17 mil anos. São várias as questões que se levantam. Como poderá o "hobbit" ser descendente de uma espécie tão antiga? Como é possível que tenha migrado de África, onde vivia o Homo habilis, até à Indonésia? Os pés chatos e a pequena estatura tornavam a tarefa praticamente impossível. O que é certo é que as pesquisas mostram que o pequeno ser deixou África para colonizar parte do Sudeste asiático há mais de dois milhões de anos.

Esta teoria pode revolucionar a história da raça humana, já que até agora se acreditava que tinha sido o Homo erectus a primeira espécie a deixar o continente africano e a colonizar outros pontos do globo.

"Encontrámos uma ilha onde uma espécie foi separada do resto da evolução durante mais de um milhão de anos", explicou Morwood ao The Observer. O investigador acredita que, por ser uma região remota, a ilha das Flores concedeu uma protecção especial à espécie, que teve uma duração fora do comum, à semelhança de alguns animais que habitaram a ilha. "Houve , por exemplo, os elefantes-pigmeus e o dragão de Komodo, agora temos o Homo florensiensis."

in DN - ler notícia

sábado, fevereiro 20, 2010

Paleontologia no Público

O fóssil mais antigo de uma tartaruga marinha de África é de Angola

Octávio Mateus com o fóssil no dia da descoberta
Octávio Mateus com o fóssil no dia da descoberta


Aquele 25 de Maio foi em cheio para Octávio Mateus. Era o Dia de África, feriado em Angola, e com tudo fechado em Luanda o paleontólogo português não podia resolver as burocracias da expedição que estava a terminar. Por que não aproveitar o tempo livre para uma última prospecção de fósseis, antes do regresso a Portugal? Meteu-se no carro, disposto a viajar cinco horas até às arribas de uma praia a norte da capital angolana e a calcorrear o terreno durante três horas apenas. Olhos posto no chão, nessa caminhada iria recuar até ao tempo dos dinossauros.


Percorria a arriba não muito alta, de um amarelo forte, praia de um lado, estepe a puxar para a savana com embondeiros e eufórbias do outro. Encontrava-se na zona do Ambriz, na província de Bengo.

A certa altura, qualquer coisa lhe chamou a atenção pela cor e pela forma. "Percebi logo que era o crânio de uma tartaruga. Fiquei radiante", recorda ao P2 Octávio Mateus, com 35 anos, do Museu da Lourinhã e da Universidade Nova de Lisboa.

Sabia que o fóssil tinha cerca de 90 milhões de anos, pois essa é a idade dos sedimentos marinhos onde os ossos ficaram preservados. Era portanto uma tartaruga marinha contemporânea dos dinossauros, que desapareceram há 65 milhões de anos (excepto a linhagem que deu origem às aves), provavelmente devido a um cataclismo planetário provocado pela colisão de um meteorito.

Estava sozinho na arriba. O outro elemento desta expedição em 2005, o norte-americano Louis Jacobs, da Universidade Metodista do Sul, no Texas, já tinha regressado ao seu país. E não tinha um dos materiais essenciais numa escavação paleontológica - uma cola especial utilizada na consolidação dos fósseis, que evita a destruição dos fragmentos. Mesmo assim, avançou, deitando mão aos materiais que pôde: "A solução improvisada foi embrulhar o crânio, quase completo, em película de cozinha".

No regresso a Luanda, mostrou o resultado das suas andanças a colegas da Universidade Agostinho Neto, com quem foi estabelecer contactos para futuras expedições, e tratou das autorizações necessárias para retirar do país os ossos da tartaruga. Havia que os submeter a uma série de estudos em Portugal e nos Estados Unidos. "Vieram comigo, numa mala de mão."

Nem era preciso uma grande bagagem, uma vez que o crânio tem 20 centímetros de comprimento. Quanto ao animal completo, é difícil extrapolar o tamanho só a partir do crânio. "Na verdade, não sabemos. Mas não devia ter menos de um metro."

Passaram-se mais de quatro anos desde aquele dia na arriba angolana, o tempo que demorou a limpar os ossos, a extrair deles informações do passado longínquo e a publicá-las num artigo científico. Essa leitura das pistas encontradas nos ossos está na última edição da revista científica Acta Palaeontologica Polonica, num artigo de Mateus, Jacobs e outros paleontólogos de Portugal, Estados Unidos, Angola e Holanda.

Nascia o Atlântico Sul

Resultado dos estudos: a tartaruga de Angola pertence a um género e uma espécie novos para a ciência (chamaram-lhe Angolachelys mbaxi). Ao olhar para as relações de parentesco do novo fóssil, os investigadores também perceberam que fazia parte de um grupo distinto de tartarugas marinhas (chamaram-lhe Angolachelonia).

Neste grupo, a equipa inclui três outros elementos já conhecidos da comunidade científica, que podem considerar-se a partir de agora os primos mais próximos da tartaruga de Angola: a Sandownia harrisi (110 milhões de anos, de Inglaterra); a Glen Rose (nome da localidade no Texas onde foi descoberto o fóssil, com 120 milhões de anos); e a Solnhofia parsonsi (150 milhões de anos, da Alemanha). "Até este estudo, não eram reconhecidas como um grupo único, com uma origem comum", sublinha Octávio Mateus.

Todas habitavam o hemisfério Norte, com excepção da tartaruga de Angola. O facto de ela ser o primeiro elemento deste grupo descoberto no hemisfério Sul permite desvendar um pouco mais da história evolutiva das tartarugas marinhas e da sua relação com a geografia dos continentes naqueles tempos.

O Atlântico começava a nascer há 210 milhões de anos, entre o Norte de África e a parte ocidental da Península Ibérica. Há cerca de 160 milhões de anos estava em curso a abertura do Atlântico Norte e foi nessa altura que apareceram as tartarugas marinhas.

No entanto, o Atlântico Sul iniciou a sua formação mais tarde - há 110 milhões de anos, à medida que América do Sul e África se afastavam uma da outra, o que veio a permitir as migrações de animais. "As tartarugas começaram a poder atravessar o Atlântico de norte para sul. O mar que se abre é uma barreira para os animais terrestres, mas é um corredor para os animais marinhos", diz Octávio Mateus.

Com os seus 90 milhões de anos, a tartaruga de Angola deve ser descendente desses primeiros répteis marinhos a cruzarem o Atlântico de norte para sul, contribuindo para a compreensão das migrações da fauna marinha. "Muito provavelmente, nasceu e viveu em África, porque há ainda um intervalo de tempo grande entre ela e as outras tartarugas mais antigas."

Tanto quanto Octávio Mateus sabe, este é o fóssil mais antigo de uma tartaruga descoberto em África. Para Miguel Telles Antunes, também autor do artigo científico, o achado é muito interessante: "Quer pela qualidade do material encontrado, quer por se tratar de um animal muito mal conhecido na região", diz este paleontólogo da Academia de Ciências de Lisboa, citado num comunicado.

Uma pata de fora

Nas duas semanas anteriores à descoberta da tartaruga, Octávio Mateus e Louis Jacobs tinham seguido as pegadas deixadas há mais de 40 anos por Telles Antunes. Na década de 60, este paleontólogo esteve em Angola a identificar locais com fósseis de vertebrados para a sua tese de doutoramento, na qual veio a descrever uma nova espécie de réptil marinho. Era um mosassauro, um grande predador marinho contemporâneo dos dinossauros (a que Telles Antunes deu o nome de Angolasaurus bocagei).

A guerra interrompeu este tipo de trabalhos, além de os geólogos angolanos centrarem as atenções nos diamantes e no petróleo. Mas Octávio Mateus sempre se interessou por África, tal como Louis Jacobs, que é autor do livro Em Busca dos Dinossauros Africanos, de 1993. Encontraram-se num congresso e a ideia de procurar fósseis em Angola surgiu naturalmente.

Em 2005, cerca de três anos depois do fim da guerra em Angola, lá estavam eles. Nessa expedição, a primeira de várias, Mateus e Jacobs revisitaram os sítios estudados por Telles Antunes na província do Namibe e nas arribas do Ambriz.

Do passeio solitário de Octávio Mateus já tinha saído outra surpresa. Cerca de uma hora antes da tartaruga, Octávio Mateus cruzou-se com os ossos da pata dianteira de um saurópode, aquele grupo de dinossauros herbívoros quadrúpedes com os pescoços compridos. Era o primeiro dinossauro de Angola, igualmente com 90 milhões de anos, uma descoberta logo anunciada. "Fomos muito afortunados."

Não estava sequer nos planos da equipa encontrá-lo, uma vez que os terrenos que tinham palmilhado eram formados em ambientes marinhos, onde é raro haver esqueletos de dinossauro. Só que, embora os dinossauros tenham sido animais terrestres, também se encontram fósseis seus em ambientes marinhos. Parte dos esqueletos pode ter sido arrastada por um rio ou uma corrente de água e ter acabado depositada em sedimentos marinhos.

Octávio Mateus teve de deixar lá o braço do saurópode. "Não é coisa para pôr no bolso e levar para casa." Só nas expedições seguintes, em conjunto com paleontólogos norte-americanos e holandeses, acabaram a escavação e levaram uma parte dos ossos para o Museu Geológico da Universidade Agostinho Neto e outra para o Museu da Lourinhã. Quanto ao crânio da tartaruga, foi até aos Estados Unidos, com Louis Jacobs. Vão fazer-lhe uma tomografia axial computorizada (TAC), para ver os canais nos ossos associados aos ouvidos e ao cérebro, importantes na classificação do animal. Tudo regressará ao país de origem. "Faz parte do património angolano."

Desvendemos agora o nome da tartaruga. Angolachelys quer dizer "tartaruga de Angola", em grego clássico. E mbaxi, em kimbundo, língua do Norte de Angola, significa "tartaruga". "Queríamos também dar-lhe um nome local, para ter um cariz africano", explica Octávio Mateus. Traduzindo, esta foi a história da tartaruga-de-Angola-tartaruga.

in Público - ler notícia (17.02.2010)

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Ciência em família no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra

Informação recebida do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, via Blog De Rerum Natura:

Depois do sucesso da 1ª e 2ª edições, com muito som, plantas, vida, brinquedos, património, electricidade, geometria, arqueologia, robôs, evolução e algumas mentiras, apresentamos a programação para o 1º trimestre de 2010.

As sessões decorrem das 11.00 às 12.00 horas e são orientadas por cientistas de diversas áreas do conhecimento.

Veja aqui alguns filmes no YouTube: Filme 1 | Filme 2 | Filme 3

PRÓXIMA SESSÃO: 21 DE FEVEREIRO


DESCOBRE OS RECURSOS MINERAIS
Celeste Gomes e Elsa Gomes
(Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra
)

Sabes o que são recursos minerais? Onde podem ser explorados? Qual a sua importância para o nosso bem-estar? Se existem em quantidades inesgotáveis? Por exemplo, quais os recursos minerais necessários para construir um automóvel? E uma casa? Vem descobrir as respostas a estas perguntas e muitas outras que iremos formular!

Deslizamento em Itália

Uma grande parte de um monte perto da pequena aldeia de Maierato, na Calábria, Sul da Itália, simplesmente deslizou, destruindo construções e estradas e levando muitas árvores pelo caminho.

Eis um pequeno filme:


sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Plutão (re)visto pelo Hubble

Novas imagens de planeta despromovido
Plutão revisitado pelo telescópio espacial Hubble

Platão está longe de ser uma rocha congelada despida de interesse (NASA)

Mesmo através de telescópios espaciais como o Hubble, sem a atmosfera da Terra a atrapalhar a visão, Plutão é um pontinho de luz. Nada de vermos um pormenor que seja da sua superfície: estará cravejado de crateras? Terá montanhas? Mas é esse ponto de luz longínquo, nas franjas do sistema solar, que o telescópio Hubble revela agora com maior nitidez. As imagens divulgadas pela agência espacial NASA deixaram os cientistas surpreendidos: o planeta (despromovido a anão) ficou mais avermelhado e o pólo norte tornou-se mais brilhante.

A equipa de Mike Brown, do Instituto de tecnologia da Califórnia (Estados Unidos), comparou imagens obtidas pelo Hubble em 1994 com um conjunto tirado entre 2000 e 2003. Resultado, no período entre 2000 e 2002 foi quando ocorreram as maiores mudanças.

O que está na origem destes fenómenos é um mistério, embora os cientistas tenham algumas hipóteses. Provavelmente, devem-se a mudanças na superfície gelada de Plutão, agora que, na sua órbita de 248 anos, começa a sair do ponto mais perto do Sol. Em relação ao brilho, a luz solar terá provocado o “descongelamento” da superfície no pólo norte e os gases resultantes terão voltado a congelar no outro pólo. Quanto ao aspecto avermelhado, pode estar relacionado com a presença de metano, já detectado na superfície do planeta.

Para a equipa, as novas imagens, as mais nítidas de Plutão obtidas pelo Hubble, confirmam que é um mundo bastante dinâmico, cuja atmosfera sofre mudanças assinaláveis ao longo da sua viagem em torno do Sol. Está longe de ser uma rocha congelada despida de interesse.

Mas se por ora teremos de nos contentar com as fotos do Hubble, por melhores que sejam, em 2015 esperam-se novas revelações do planeta-anão, nunca visitado por qualquer sonda. Tal lacuna mudará com a sonda New Horizons, em viagem neste momento pelo sistema solar, e que daqui a cinco anos chegará a Plutão e à sua lua Caronte.

As descobertas angolanas de paleontólogo português

Paleontologia
Português descobre em Angola nova espécie de tartaruga

Crânio de tartaruga "Angolachelys mbaxi" de Angola e o paleontólogo Octávio Mateus

O paleontólogo Octávio Mateus disse hoje ter confirmado cientificamente a descoberta de um novo género e nova espécie de tartaruga, por si encontrada em 2005 ao integrar uma expedição de cientistas de vários países a Angola.

Denominada “Angolachelys mbaxi”, ou seja “Tartaruga de Angola”, “a tartaruga representa um novo género e uma nova espécie para a ciência”, disse em declarações à Lusa Octávio Mateus, paleontólogo do Museu da Lourinhã e investigador da Universidade Nova de Lisboa.

Segundo o paleontólogo, pelas suas características anatómicas é possível concluir que a tartaruga pertence a um novo grupo até agora desconhecido para a ciência.

“Há as tartarugas que encolhem o pescoço para dentro da carapaça (criptodira) e as que encolhem para o lado. Esta recolhe o pescoço para o interior da carapaça e é a mais antiga em África a pertencer a este grupo”, explicou o paleontólogo.

Sendo a mais antiga tartaruga criptodira do continente africano com 90 milhões de anos (Cretácico Superior), caracteriza-se por ser “uma grande tartaruga marinha de mais de um metro de comprimento e com um crânio de 20 centímetros”.

“É um dos primeiros répteis marinhos que cruzam o Atlântico de Norte para Sul”, sublinhou o paleontólogo, comprovando assim que há 90 milhões de anos os continentes americano e africano já estavam separados pelo oceano.

Além disso, o que a diferencia em relação às outras tartarugas são as “narinas separadas”.

Em 2005, o paleontólogo, que participou numa expedição com paleontólogos e geólogos norte-americanos, angolanos, holandeses e o português Miguel Telles Antunes, descobriu o crânio, fragmentos da carapaça, vértebras e garras do animal.

Após trabalhos laboratoriais e estudos de anatomia e relações de parentesco, Octávio Mateus viu agora a sua descoberta ser reconhecida pela comunidade científica, com a publicação do artigo “A mais antiga tartaruga criptodira de África do Cretácico de Angola” numa revista da especialidade.