sexta-feira, novembro 30, 2007

Vergonha...

Hoje, dia de Greve da Função Pública, confesso que fui trabalhar. Que isto não está propriamente bom para se perder um dia de salário, porque as avaliações dos professores que estão para chegar são uma incógnita e porque a turma que eu ia ter precisava mesmo desta aula.

Mas, se o arrependimento matasse... Cheguei à Escola e quase não havia funcionários (isto é um exagero, pois, desde que a Escola foi agrupada, o facto de as nossas Escolas do 1º Ciclo precisarem de funcionários roubou, à Escola-Sede, já 6 funcionários - o Bar passou a fechar ao Almoço, a Papelaria agora vai passar a fechar de tarde e assim sucessivamente...). Mas, quando me dirigi ao Bar, para comer no intervalo das 10.00 horas, apercebi-me de muito barulho (os nossos miúdos a protestar...) e da porta fechada... Voltando à Sala dos Professores, uma colega caridosa arranjou-me meia maçã (o que é, para um corpinho Danone como o meu, manifestamente pouco...) e ao perguntar aos colegas do Conselho Executivo porque a Escola não fechava foi-me dito, taxativamente, que tinham ordens...!

Se as primeiras aulas foram complicadas, as segundas (com uma aluna quase a desmaiar de fome...) foram indescritíveis. E quando tentei levar os meus alunos ao café mais próximo foi-me dito, taxativamente, que tal não era possível. Felizmente nessa altura apercebi-me que a Chefe dos Funcionários estava a distribuir pão simples e pães de leite aos alunos (quem paga o prejuízo à Escola...?) o que amenizou a situação...

Este é um dia em que um homem tem muita vergonha de dizer que é funcionário público e funcionário do Ministério da Educação.

HAJA VERGONHA...!

Sismo nas Caraíbas

Publica-se a seguinte notícia do jornal Público, com a advertência de os jornalistas continuam a não perceber muito bem estes fenómenos - repare-se que usam o termo epicentro correctamente mas quando falam da profundidade onde ocorreu o sismo não referem o hipocentro...


Pelo menos dois edifícios ruíram

Caraíbas: sismo de magnitude 7,3 ao largo da ilha de Martinica
29.11.2007 - 20h48

Um sismo de magnitude 7,3 na escala de Richter foi registado esta noite ao largo de Martinica e sentido em Guadalupe, duas ilhas das Caraíbas, provocando pelo menos o aluimento de dois edifícios, segundo informações avançadas pela polícia local.

“De momento, há um imóvel e um banco que ruíram. Não sabemos se existem vítimas”, acrescentou a mesma fonte. Os dois edifícios danificados estão situados em Fort-de-France.

Por sua vez, o município de Guadalupe, citado pela agência AFP, indicou que "as primeiras informações recolhidas no terreno não dão conta de nenhuma vítima e de nenhum dano".

A protecção civil de Paris indicou, por sua vez, que o epicentro do sismo está situado a “15 quilómetros de Martinica”.

O sismo foi registado às 15h00 locais (19h00 em Lisboa), a uma profundidade de cerca de 143 quilómetros, de acordo com o Centro de Vigilância Sismológica dos EUA (USGS).

segunda-feira, novembro 26, 2007

Estudantes perguntam sobre evolução

No Blog De Rerum Natura continuam a surgir posts como este que, sendo interessantes (o Doutor Fiolhais a conversar sobre Evolução é, como sempre, útil e divertido) são ainda mais engraçados porque há um senhor (que às vezes dá livros, o que eu acho muito bem - eu ainda na passada recebi um enviado pelo Blog Sorumbático que muito me agradou...) que persiste em fazer comentários dizendo baboseiras anonimamente (agora chama-se Jónatas "perspectiva"). Leiam o post e depois vejam os comentários:


Declarações que fiz à "Cabra", jornal dos estudantes da Universidade de Coimbra:

- Em que consiste o evolucionismo?

Evolucionismo ou teoria da evolução é a descrição que a ciência depois de Darwin faz do desenvolvimento dos organismos vivos ao longo dos tempos. A palavra teoria não nos deve enganar: falamos de teoria como em física se fala de teoria da relatividade, mas trata-se de uma descrição unificada do mundo vivo que tem sido confirmada por todas as observações. Todas, tal como a teoria da relatividade na física! Do ponto de vista científico não tem, portanto, rival. Claro que tem lacunas nos pormenores e alguns aspectos controversos, mas isso é normal: faz parte da natureza de uma teoria científica. Todos os biólogos são evolucionistas assim como todos os físicos aceitam a teoria da relatividade.

- Porque defende esta teoria?

Porque conheço e confio no método científico. Defendo não só eu como a esmagadora maioria dos cientistas porque se trata da única que está de acordo com os factos, em particular com o vasto e rico registo fóssil e também com os ensinamentos da moderna genética. A genética molecular - que tem por base a molécula do ADN - veio nas últimas dezenas de anos fornecer um amplo suporte à teoria da evolução. Sabemos agora quais são os seus mecanismos ao nível biológico básico.

- Recentemente, comemoraram-se os 100 anos da publicação do livro de Henri Bergson, filósofo francês. Que importância teve este livro para o evolucionismo?

Em 1097, o filósofo francês Henri Bergson publicou o seu livro "A Evolução Criadora". Do ponto de vista estritamente científico não adiantou nada, mas isso também era esperado porque Bergson não era um cientista (é, de resto, conhecida a sua oposição à teoria da relatividade de Einstein, uma oposição que carecia de fundamento científico). Mas do ponto de vista filosófico foi uma obra importante da corrente intuicionista que, no início do século XX, se contrapôs ao pensamento positivista do século anterior. O centenário dessa obra é uma boa oportunidade para discutirmos as relações, que são férteis, entre ciência e filosofia.

- Que força tem o evolucionismo em Coimbra?

Em Coimbra como em todas as boas Universidades do mundo, ensina-se a teoria da evolução. Tem, portanto, toda a força! Estará a pensar no oposição por parte dos chamados criacionistas. Essa poderá ser uma posição religiosa mas não tem nada, rigorosamente nada, de científico. Nos Estados Unidos e também nalguns sítios da Europa há alguns fundamentalistas religiosos que não só não aceitam o ponto de vista científico sobre o desenvolvimento da vida como querem passar como científico aquilo que manifestamente o não é. Querem fazer passar por ciência aquilo que é o seu credo religioso. É um manifesto abuso. A atitude dessas pessoas é bastante perigosa pois atenta contra os fundamentos da sociedade democrática e laica e convém, por isso, estar atenta a ela e contrariá-la activamente, como fazemos no nosso blog De Rerum Natura. Mas em Portugal, país onde a religião católica tem grande difusão, essas ideias não têm grande número de aderentes, que normalmente se encontram mais em alguns grupos protestantes. Devo dizer que muitos católicos e até protestantes não têm problema nenhum em acreditar em Deus e ao mesmo tempo na teoria da evolução, ou, mais em geral, em tudo o que a ciência descobriu.

- Num dos posts do seu blog, lemos que lhe colocaram um livro sobre o criacionismo no seu cacifo. Como encarou esta atitude? Qual a proporção do conflito entre evolucionistas e criacionistas actualmente?

Sim, mão anónima ofereceu-me um livro criacionista brasileiro. Não sei por que é que o dador foi anónimo. Ou talvez saiba: os criacionistas têm medo do ridículo a que estão sujeitos na comunidade científica e na sociedade em geral. A sua atitude é indefensável do ponto de vista científico. Chegam a difundir erros monumentais como, por exemplo, tomar como factos científicos as afirmações do "Génesis", o primeiro livro da Bíblia. Claro que cada um pode acreditar no que quiser, mas não pode impor aos outros as suas crenças religiosas servindo-as como se fossem ciência. Não faz nenhum sentido que a religião seja ensinada na escola como ciência e, pior, em vez da ciência. A ciência é o que é e tem a força que tem porque está separada de crenças como as crenças religiosas. Na ciência verifica-se tudo mas só fica aquilo que se baseie na observação e na experiência.

The Galileo Project


The Galileo Project is a source of information on the life and work of Galileo Galilei (1564-1642). Our aim is to provide hypertextual information about Galileo and the science of his time to viewers of all ages and levels of expertise. What you read and see here is a beginning -- we will continue to add and update information as it becomes available. We solicit contributions from our colleagues in the history of science and comments on how we can improve the project from everyone, particularly suggestions on how to make this tool more useful in primary and secondary education.

Na Fronteira da Ciência



A Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com a Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, organiza um ciclo de conferências intitulado "Na Fronteira da Ciência".

Com a seguinte programação:

12.12.07
Conjectura de Poincare: Geometria para entender o Universo
Marcelo Viana
IMPA - Instituo Nacional de Matemática Pura e Aplicada
Rio de Janeiro


30.01.08
Podemos prever um tsunami?
Ana Viana Baptista
ISEL - Instituto Superior de Engenharia de Lisboa


20.02.08
Vacas loucas, leveduras neuróticas, e regresso ao futuro
Tiago Fleming de Oliveira Outeiro
Intituto de Medicina Molecular
Universidade de Lisboa


26.03.08
Icebergs, neve e muitos pinguins: As razões do ano polar internacional
José Xavier
Centro de Ciências do Mar
Universidade do Algarve


16.04.07
O Nascimento da célula - uma visita guiada através do microscópio
Helder Maiato
Instituto de Biologia Molecular e Celular
Universidade do Porto


14.05.08
O papel revolucionário da nanotecnologia e das células estaminais na medicina regenerativa
Manuela Gomes
IDD - Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação


16.07.08
Na Fronteira do Universo: em busca do fim da idade das trevas
José Manuel Afonso
Observatório Astronómico de Lisboa


Fonte: Blog GeoLeiria - post de Sofia Reboleira

domingo, novembro 25, 2007

A Origem das Espécies

Do Blog De Rerum Natura, com a devida vénia, publicamos o seguinte post:

Em 24 de Novembro de 1859, fez ontem 148 anos, foi publicado o livro de Charles Darwin que trata da «selecção natural como principal causa da origem, multiplicação e evolução das espécies».

O livro provocou uma verdadeira revolução na época, embora as ideias de Darwin não fossem originais, isto é, as questões que lhe suscitaram a escrita deste livro marcante já tinham sido levantadas por outros naturalistas, inclusive pelo seu avô, Erasmus Darwin, e especialmente por Pierre Louis Moreau de Maupertuis. O matemático e filósofo francês antecipou Darwin em um século propondo algo muito semelhante a selecção natural no «Venus Physique» de 1745 e no «System of Nature», publicado em 1751. No primeiro livro, Maupertius sugere que as formas de vida da Terra surgiram através de variações casuísticas associadas a sobrevivência e reprodução diferenciadas que permitiram uma acumulação de adaptações funcionais.

Mas Darwin foi o primeiro a responder satisfatoriamente às questões que a observação da Natureza levantava desde os primórdios da História, nomeadamente tinham sido abordadas por Anaximandro (610-546 a.C.), que especulou sobre o início e a origem da vida e nos fornece o primeiro registo histórico sobre a ideia da evolução dos seres vivos.

Aristóteles por seu lado interrogava-se no Physicae Auscultationes, vol. II, cap. 8, sobre «O que impediria que fossem meramente acidentais as relações entre as diversas partes do corpo? (...) O mesmo pode ser dito quanto às demais partes do corpo, que também são adaptadas a um determinado fim. Por conseguinte, todas as partes de um certo conjunto são constituídas para alguma finalidade específica e, enquanto servem para essa finalidade,são preservadas. Essa constituição adequada, na realidade, decorre tão somente de alguma espontaneidade interna. Uma vez que as que não forem assim constituídas desaparecem e ainda estão desaparecendo».

O fundador do Jardim, Epicuro, propôs mesmo uma teoria de evolução biológica e social do homem que o poeta romano que o cantou apresenta no poema que deu título ao blog. Para Epicuro, a criação do universo não teria sido obra dos deuses. Tudo o que existe - o céu, a Terra, as plantas, os animais, o homem - teria origem no movimento aleatório dos átomos. Seria esse mesmo movimento que produziria todos os fenómenos da Natureza, a vida inclusive.

Mas se os pensadores mais marcantes da Antiguidade Clássica se questionavam já sobre o que ficaria consagrado no termo «evolution», derivado do latim «evolutio» – que significa «desenrolar-se como um pergaminho» - e que começou a ser usado no século XVII para designar uma sequência ordenada de eventos, parece que persistem atavicamente resquícios do pensamento mágico que dominava antes da grande revolução do pensamento que foi a filosofia grega.

Quase 150 anos depois da publicação da «Origem das Espécies» e mais de 2500 anos depois de terem sido esboçados as primeiras concepções evolucionistas, persistem, naqueles que se recusam a olhar o mundo com olhos de ver e sim com os olhos da fé, as objecções de Matthew Hale (1609-1676) em relação ao atomismo considerado ateu de Epicuro. O lord Chief Justice (o juiz presidente) de Inglaterra - que acreditava em bruxas já que foi responsável pela sentença que resultou na execução de duas mulheres acusadas de feitiçaria -, verberava ser impossível que colisões «fortuitas e sem sentido de átomos mortos» tivessem dado origem ao homem pois não continham os princípios ou as «sementes primordiais» (semina) do mesmo.

As objecções de Hale em relação ao atomismo (a que se referiu como evolução) persistem até hoje, isto é, existem criacionistas que confundem evolução e atomismo e negam a existência de átomos, já que consideram que o atomismo «é incompatível com os princípios judaico-cristãos porque o atomismo apresenta a matéria independente de Deus, seja porque existe por toda a eternidade e nega a criação por um Desenhador Inteligente seja porque os seus movimentos e acontecimentos são independentes do controle por um Ser Soberano».

Por outro lado, aquele que a enciclopédia de filosofia de Stanford descreve como um virtuoso diletante, é responsável pela associação de evolução a ateísmo para além de ter alimentado em alguns a ideia errónea com que nos matraqueiam incessantemente de que a «evolução» fala de cosmologia, da origem do universo e da origem da vida.

Como refere Phil Plait no blog de ciência Bad Astronomy, dois dos (muitos) problemas da «ciência» da criação é não ser ciência, e, como todos os nossos leitores já se aperceberam no nosso espaço de debate, os seus defensores terem uma postura autista quando os múltiplos erros pseudo-científicos (na realidade anti-ciência) que promovem são apontados.

Uma vez que é impossível qualquer tipo de debate com criacionistas, o astrónomo sugere que, em vez da desmontagem das mentiras que são a base única da sua argumentação, o humor é a única resposta possível às inanidades debitadas. Nomeadamente com esta paródia do que passa por projectos de investigação submetidos ao oxímoro Instituto da Investigação da Criação - e que está completamente de acordo com a pseudo «investigação» que por lá fazem, ou seja, é difícil distinguir a sátira do produto que a originou. Vale a pena ler não só os resumos dos projectos como as apreciações do «painel» avaliador.

Referências:
Atomism, Atheism, and the Spontaneous Generation of Human Beings: The Debate over a Natural Origin of the First Humans in Seventeenth-Century Britain
Matthew R. Goodrum, Journal of the History of Ideas, 63, (2002), 207.

António Rómulo Gedeão de Carvalho...



SCT 2007 - Tertúlia on-line XI

O último Alquimista

Era uma vez um Cientista com alma de Poeta.

Era um Senhor (muito sério) com uma vontade juvenil de escrever.
Era um Professor (um Mestre) que era trocista sem saber.
Era um Anarquista com regras e vontades...

Obrigado, Rómulo, por teres sido outro pai fundador,
agora do saber científico que não te merecia,
escritor de manuais escolares e livros científicos,
que o meu avó e o meu pai e eu (e um dia meu filho) leram.
Saciaste a nosso sede de saber e tudo fizeste para combater a ignorância.

Mas, acima de tudo, António, é a ti que estamos mais agradecidos.
A tua Poesia, clara e científica mas bela e que chegava ao coração,
fez mais por nós do que tu podias pensar.
A tua Poesia é bela como a Física (e a Química, e a Astronomia, e a Biologia...).
Escreveste como um Pintor renascentista pintaria este Mundo.
O teu sarcasmo tudo mostrava, singelo e único, sem artifícios.
E, sendo quem eras, soubeste partilhar connosco as tuas Letras.

Obrigado Rómulo.
Obrigado António...


NOTA: Poema inédito, de Pedro Luna, publicado
originalmente no Blog Geopedrados em 24.11.2005.

SCT 2007 - Tertúlia on-line X


Como está quase a terminar a Semana da Ciência e Tecnologia 2007, não podíamos deixar de recordar o mais famoso poema de Gedeão, que colocámos no post inicial desta série, imortalizado no Zip-Zip por Manuel Freire, aqui num filme muito interessante retirado do YouTube.




NOTA: Post 400º do nosso Blog...!

SCT 2007 - Tertúlia on-line IX



Publiquei o ano passado no Geopedrados, em post de 21.11.2006, este poema de uma nossa leitora, a Madalena, autora do Blog Pomarão e na altura então com 9 anos. É uma honra pudermos republicar a sua homenagem a Rómulo de Carvalho:

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho

Tem seu pseudónimo
António Gedeão
Nome engraçado
Pois termina em ão!

Poesia escreveu
Com palavras rimou
Algumas profissões escolheu
Um rumo tomou.

Pedra Filosofal
Lágrima de Preta
Seus mais conhecidos poemas
Bonitos de encantar
Muitos o leram
Como ele quiseram rimar.

Investigações fez
Deu-as a Portugal
Nobre país
Sua terra natal.

Importante foi
Rómulo de Carvalho
Em sua honra vamos ler
Estes versos
Em seu centenário.

SCT 2007 - Tertúlia on-line VIII

Aqui fica a surpresa prometida: um filme feito por mim da canção Lágrima de Preta (poesia de António Gedeão), na versão original cantada por Adriano Correia de Oliveira (música de José Niza).


XIII Feira Internacional de Minerais de Coimbra

Do meu amigo e ex-professor Doutor Pedro Callapez recebi, como já esperava faz bastante tempo, as desejadas notícias (e pedido de divulgação) da Feira dos Minerais de Coimbra de 2007:Como já vai sendo habitual desde há 13 anos a esta parte, o Museu Mineralógico e Geológico (Museu da Ciência da Universidade de Coimbra) vai organizar mais uma mostra/venda de minerais, rochas, fósseis, gemas, ourivesaria e artesanato, naquilo que é um dos maiores eventos com carácter regular que recebe a cidade de Coimbra. A sua continuidade é, em grande parte, fruto do trabalho persistente do Dr. Júlio Fonseca Marques, geólogo e antigo Conservador do Museu.

Na presente edição de 2007, a XIII Feira Internacional de Minerais de Coimbra irá contar com quase duas dezenas de expositores e estará aberta ao público em geral entre sexta-feira (30 de Novembro) e Domingo (2 de Dezembro), das 10.00 h às 20.00h, no átrio do Edifício do Colégio de Jesus, frente ao Laboratório Chimico, em plena alta universitária.

Com uma dimensão e afluência que a tornam numa das maiores do país, constitui também uma oportunidade soberana para adquirir peças de colecção de locais distantes, objectos raros ou de rara beleza, adornos exóticos e gemas com poderes curativos, ou ainda (…e porque não?) para passar uns momentos agradáveis em contacto com o mundo natural e os seus tesouros.

Em consonância com o horário da feira, o Museu Mineralógico e Geológico e o Museu Zoológico vão permanecer também abertos ao público, possibilitando a todos uma manhã ou um fim de tarde dedicados à descoberta da história natural.


PARTICIPE

DIVULGUE O EVENTO

CONTAMOS COM A SUA PRESENÇA

sábado, novembro 24, 2007

SCT 2007 - Tertúlia on-line VII



Poema do eterno retorno

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
se a mesma causa desse sempre o mesmo efeito
e para o mesmo efeito houvesse sempre a mesma causa,
então o meu salgueiro
havia um dia de ressuscitar.

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
eu próprio,
na efemeridade eternamente repetida
deste momento de agora,
tornaria a rever o meu salgueiro.

Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
os milhões de milhões de milhões de átomos
que compõem os milhões de milhões de milhões de galáxias
dispostos de milhões de milhões de milhões de maneiras diferentes,
teriam forçosamente de repetir,
daqui a milhões de milhões de milhões de séculos,
exactíssimamente a mesma posição que agora têm.

E então,
nesse dia infinitamente longínquo mas finitamente próximo,
eu, Fulano de Tal,
Filho legítimo de Fulano de Tal e de Dona Fulana de Tal,
nascido e baptizado na freguesia de Tal,
a tantos de Tal,
neto paterno de Fulanos de Tal,
e materno de Tal e Tal,
etc. e tal,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
encontrar-me-ia no mesmo ponto do mesmo Universo
a olhar parvamente para o meu salgueiro.

Isto, é claro,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos.

in Novos Poemas Póstumos (1990)

sexta-feira, novembro 23, 2007

Notícia sobre sistema de alerta para Tsunamis

Tecnologia pode funcionar dentro de um ano e alertar para tsunamis meia hora antes
Especialistas definem em Lisboa sistema de alerta de maremotos para o Atlântico e Mediterrâneo
21.11.2007 - 18h05 Lusa

O objectivo do sistema é prevenir tragédias como a do Sri Lanka

Os países da Europa e da bacia mediterrânica deverão ter em funcionamento já no próximo ano um sistema que permite alertar as populações em caso de tsunami pelo menos meia hora antes de as primeiras ondas darem à costa.

"É um sistema que ninguém nota, em que ninguém pensa e às vezes os governos consideram que não vale a pena investir dinheiro nestas matérias porque só se pode medir a sua importância nos momentos críticos e esses momentos críticos, no caso dos tsunamis, vão entre 20 minutos e algumas horas", disse Mário Ruivo, presidente do Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI).

Mário Ruivo falava à margem da quarta sessão do Grupo de Coordenação Intergovernamental (ICG), que até sexta-feira reúne em Lisboa especialistas internacionais para definir o Sistema de Alerta Precoce de Tsunamis para o Atlântico Nordeste, Mediterrâneo e mares conexos (NEAMTWS).

O NEAMTWS deverá alertar as autoridades dos países do Atlântico Nordeste e Mediterrâneo em caso de ocorrência de um tsunami e é realizado no âmbito da COI, organismo da UNESCO responsável pela ciência do mar e serviços oceanográficos, que tem um secretariado-geral.

O plano de funcionamento para o futuro NEAMTWS que os vários grupos de trabalho discutem em Lisboa deverá ser aprovado em Dezembro no conselho de ministros da presidência portuguesa da União Europeia.

"A ideia é que no fim deste ano o embrião do sistema esteja estruturado, para que o esboço do que vai ser feito esteja já em funcionamento no início do próximo ano, e a partir daí construir progressivamente um sistema mais eficaz para funcionar em pleno em 2011", disse Mário Ruivo.

Se os trabalhos correrem como previsto, no próximo ano o sistema deverá permitir que, em caso de maremoto causado por um sismo de grande dimensão, as autoridades consigam avisar as populações costeiras 30 minutos antes da chegada das primeiras ondas. Em 2011, quando funcionar em pleno, o sistema permitirá alertar em menos de 10 minutos após a geração do maremoto. O sistema funcionará em rede 24 sobre 24 horas, com centros em cada um dos 23 países actualmente envolvidos, e será coordenado pelo COI.

Na prática, se houver um alerta que seja considerado válido, por exemplo, no Mediterrâneo, o centro regional que analisa todas as mensagens tem a responsabilidade de, através da competência e análise dos seus técnicos, considerar que determinado tsunami é a sério e de o comunicar imediatamente às autoridades de todos os Governos envolvidos, no caso português a Protecção Civil.

O presidente do ICG/NEAMTWS, o italiano Stefano Tinti, salientou a importância da coordenação de esforços ao nível dos governos, que nem sempre consideram uma prioridade este tipo de investimento.

"O nosso objectivo é nos próximos dois anos criar realmente um sistema de base operacional envolvendo pelo menos a maioria, se não a totalidade, dos países do mediterrâneo e do norte da Europa, incluindo países do Norte de África e da Ásia, onde já existe um sistema de alerta na sequência do recente tsunami", realçou.

Países desmotivados
Stefano Tinti admitiu que alguns países da Europa central não estão motivados para o sistema por terem pouca zona costeira, mas Mário Ruivo salienta que os mesmos sistemas que detectam maremotos permitem também avisar para outros riscos. "Por exemplo, o elemento inicial do sistema para os tsunamis é o sistema de alerta e observação sísmico, que é de interesse geral", salientou.

"É preciso perceber que até países como a Finlândia têm um problema de tsunamis, não porque tenham uma costa, mas porque os seus turistas em Espanha estão ameaçados e porque os seus investimentos em Portugal estão ameaçados", realçou Peter Koltermann, responsável no COI pelo apoio aos vários grupos intergovernamentais dentro do sistema de alerta aos tsunamis.

Koltermann salientou que coordenar todos estes países com diferentes prioridades só é possível porque todos concordaram em atingir objectivos muito simples, como "salvar vidas e proteger a economia dos perigos dos tsunamis ou outras ocorrências oceânicas, criar mecanismos para tomar decisões que têm de ser postas em prática pelos Governos e ter as mesmas regras e standards".

"Se concordarmos nos mesmos objectivos e tivermos as mesmas estruturas podemos discutir com os membros em particular como é que eles vão resolver e analisar um problema e então há todo um trabalho a desenvolver para organizar meios e sobretudo educar pessoas", concluiu.

"A formação da opinião pública é fundamental, para que cada cidadão tenha a consciência deste e de outros riscos e saber como agir em caso de tsunami", acrescentou Mário Ruivo, considerando fundamentais medidas preventivas como "uma gestão ordenada da zona costeira e incorporar nos currículos escolares desde a instrução primária uma sensibilização dos jovens e da população para o risco e maneira de agir".

in Público - ver notícia

Quanta Vida por descobrir - Escorpião com mais de 2,5 metros



Um escorpião marinho (Eurypterida) fossilizado com mais de 2,5 m foi descoberto em Prüm, no oeste da Alemanha. Este mega escorpião viveu há 390 milhões, numa época em que os insectos, aranhas e crustáceos tinham tamanhos gigantescos.

O “recém-baptizado” Jaekelopterus rhenaniae apresentava pinças com 46 cm de comprimento, o dobro das maiores até hoje encontradas.


Já se conheciam outros gigantes, como libélulas, baratas e centopeias, mas esta descoberta confirmou que antes dos dinossáurios, existiu outra época de gigantes.

Com base nos fósseis encontrado calculou-se que este escorpião teria pesado 180 kg.

Em Portugal há registo de escorpiões marinhos do Ordovícico da Serra do Buçaco - Dithyrocaris longicauda.

Os euripterídeos são artrópodes quelicerados e grupo irmão de Arachnida e os seus parentes mais próximos são os escorpiões e aranhas.

A descoberta foi publicada a 21 de Novembro na revista científica Biology Letters (DOI: 10.1098/rsbl.2007.0491).



Post roubado ao Blog Ciência ao Natural, de Luís Azevedo Rodrigues.

quinta-feira, novembro 22, 2007

SCT 2007 - Tertúlia on-line VI



Lição sobre a água


Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

in Linhas de Força - António Gedeão

Dia Nacional da Cultura Científica - 24 de Novembro


O nosso cartaz (feito pelo Fernando e Conceição).

quarta-feira, novembro 21, 2007

Quanta vida por descobrir...


Uma nova espécie de pecari foi descoberta e descrita. O baptismo científico concedeu-lhe o nome de Pecari maximus, se bem que é informalmente designado de pecari-gigante.

Igualmente é de saudar que o primeiro autor da descoberta é Marc van Roosmalen, primatólogo holandês naturalizado brasileiro, e que tem tido problemas com a justiça brasileira pela sua acção na defesa da Amazónia. A primeira chamada de atenção que li foi de Palmira F. da Silva, aqui.

A confirmação desta nova espécie foi feita através de análises genéticas no Leiden Centre for Environmental Sciences, Holanda.

Na cultura Tupi, o Pecari maximus é chamado Caitetu Munde, que significa porcos que vivem em pares.

Artigo da descoberta - aqui
Imagens - daqui

PS - na imagem superior direita observa-se caçadores que abateram o exemplar tipo.

CienciaPT


A Escola passou a assinar o portal CienciaPT (que publica os jornais on-line Mundus e e.Ciência). Este portal é o mais completo em termos de informação sobre Ciências (avanços, factos, pessoas, eventos, etc.) a nível nacional - ver em:

http://www.cienciapt.info/pt/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

Para acederem a todos os conteúdos têm de saber o Nome de Utilizador e Senha da nossa Escola (que vos será dado via e-mail).

SCT 2007 - Tertúlia on-line V



Poema do homem novo

Niels Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.

Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até aos pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.

A cobrir tudo, enfim, como um balão ao vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.

Numa cama de rede, pendurada
das paredes do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.

Cá de longe, na Terra, num borborinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falava,
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.

Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.

Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.
Mais um passo.
Mais outro.

Num sobre-humano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira, com o coração pequeno e ressequido
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho.

in Novos Poemas Póstumos (1990)

Reuniões de Avaliação do 1º Período - 2007/2008

(Clicar para aumentar)

O anterior foi apagado, esta é a versão definitiva...

Entrevista à Doutora Maria Helena Henriques - AIPT

Maria Helena Henriques - Coordenadora do Comité Português do AIPT

Maria Helena Henriques (nascida em Lisboa, em 1960), docente universitária na Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade de Coimbra, é licenciada em Jornalismo e Geologia com doutoramento nesta área. Coordenadora do Comité Português do Ano Internacional do Planeta Terra 2008, com vários trabalhos publicados, elaborou diversos guiões de exposições sobre Geologia.

Foi autora do guião da Sala de Geologia Museu da Pedra do Município de Cantanhede, distinguido com a “Menção Honrosa de Melhor Museu Português” (biénio 2000/2001). Salientam-se também o “Prémio Geoconservação 2006” pelo projecto “O Museu da Pedra e a Educação para a Geoconservação”, de que foi signatária na qualidade de geóloga e colaboradora do Museu da Pedra e o “Prémio da Ordem dos Farmacêuticos” pelo seminário “Saúde, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável”.

Educação - O conhecimento sobre o potencial das Ciências da Terra e o seu contributo para a vida dos cidadãos e para a salvaguarda do nosso planeta estarão em foco durante Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT) 2008, inserido na Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Que objectivos gerais salientaria no âmbito deste ano temático, cujas actividades abarcam o triénio 2007-2009?

Maria Helena Henriques (M.H.H.) - O objectivo central do Ano Internacional do Planeta Terra é aproximar o cidadão das Geociências, isto é, demonstrar aos cidadãos em sentido lato e, sobretudo àqueles que têm responsabilidades no mundo político, empresarial, educativo e mediático, que é fundamental valorizar o conhecimento em Geociências. Estamos a desenvolver uma relação extremamente perigosa entre nós e o nosso planeta, através de uma exploração desenfreada dos seus recursos, que poderá conduzir a um agravamento da nossa qualidade de vida na Terra e até à extinção na nossa própria espécie.

As Geociências e os Geocientistas, por conhecerem melhor que ninguém os processos que modelam o planeta, têm de ser ouvidos na hora de tomar decisões sobre temáticas ambientais de interesse social como as que estão contempladas no AIPT: águas subterrâneas, solos, recursos, desastres naturais, oceanos, biodiversidade ou alterações climáticas.


Educação
- Que iniciativas poderia avançar do programa de divulgação do AIPL, em particular no que respeita à educação em Geociências?


M.H.H. - Temos mais de meia centena de autarquias que integraram o Comité do AIPT, isto é, que se comprometeram a desenvolver acções de divulgação em Geociências junto dos seus munícipes, quer através dos respectivos departamentos de educação ou de ambiente e em articulação com as escolas básicas quer através de museus municipais que tutelam. Por outro lado, e ao nível da educação não-formal, também a Agência Ciência Viva é nossa parceira e está em curso um projecto específico no âmbito do AIPT – o “Rocha Amiga”. De igual forma, podemos contar com acções de divulgação protagonizadas por associações de defesa do ambiente, por associações de índole cultural e, naturalmente, por instituições de Ensino Superior que, de forma cada vez mais visível, tentam aproximar o mundo académico do mundo dos cidadãos.

Neste domínio, há que destacar a realização da terceira edição do Congresso dos Jovens Geocientistas, que se realiza na Universidade de Coimbra no dia 22 de Abril de 2008, Dia Mundial da Terra e que, tradicionalmente, acolhe várias centenas de alunos dos ensinos Básico e Secundário que ali apresentam, à semelhança dos cientistas seniores, os resultados de investigação científica que levam a cabo com os respectivos professores.

Não posso deixar de mencionar também um outro projecto que vai ter uma forte expressão mediática. Trata-se de um road-show sobre sustentabilidade na Terra, que vai percorrer o País a partir de Janeiro de 2008, em articulação com as autarquias e a com a comunidade científica, e que vai levar à instalação de uma tenda gigante no centro das cidades com exposições, debates e espectáculos multimédia, tudo em torno do Planeta e seus recursos.


Educação - A tradução para Português das doze brochuras sobre o Ano Internacional do Planeta Terra constituiu um dos primeiros objectivos do Comité Português para o AIPT. Este é já um dos recursos ao dispor dos professores no site oficial português dedicado ao AIPT. Que mensagem deixaria a todos os que pretendam juntar-se a esta celebração mundial?

M.H.H. - A mensagem é um alerta: é preciso conhecer melhor o planeta e a sua dinâmica para estabelecermos uma relação sustentável com ele. As Geociências podem dar um contributo determinante nesta matéria e os geocientistas estão disponíveis para o fazer.


Educação - Em que medida este ano poderá contribuir para uma maior sensibilização junto dos jovens, empresários e decisores para os problemas que se crê estarem na origem das alterações climáticas que afectam cada vez mais regiões do mundo?

Quando uma grande empresa ou um responsável de uma instituição política se associa ao Comité, isso significa que compreendeu o valor da mensagem do AIPT e que está disponível para a defender em cada decisão que toma no seu quotidiano. A adesão de empresas associadas ao sector dos transportes públicos, da produção de hidrocarbonetos e de energia é um grande trunfo para nós e dá-nos garantias de que as preocupações ambientais em torno das alterações climáticas não se circunscrevem ao mundo académico. Esta preocupação já intersecta o mundo político e empresarial, de acordo com os preceitos da Década das Nações Unidas da Educação para Desenvolvimento Sustentável, actualmente a decorrer e na qual o AIPT se insere.


Educação - O “potencial para o desenvolvimento de países” é um dos requisitos do programa científico do ano temático. Em concreto, que iniciativas poderão concorrer para a sua concretização?

M.H.H. - É necessário que os governos invistam na produção de conhecimento em Geociências. Isso é um capital fundamental para o desenvolvimento dos países, sobretudo dos que estão em desenvolvimento. Sem esse investimento, como se poderão resolver os problemas sociais e políticos decorrentes da luta pela água potável, por exemplo? A nível nacional, e dada a dependência que temos de petróleo, é com agrado que registamos a assinatura de um protocolo entre o consórcio Petrobras-Galp-Partex com universidades portuguesas e brasileiras no sentido de apoiar a investigação em Portugal em Geologia do Petróleo, bem como o mestrado nessa área que este ano arrancou na Universidade de Coimbra.


Educação - Da sua experiência de trabalho, em particular no que respeita à colaboração com museus, que importância atribui à organização de visitas de estudo a estes espaços no âmbito das actividades escolares desde o Ensino Pré-Escolar, passando pelo Secundário e até ao Superior?

M.H.H. - A visita a exposições patentes em museus é fundamental na educação de cidadãos, sobretudo em idade escolar. Mas é preciso que essas visitas sejam preparadas e articuladas com as actividades curriculares correntes. Não basta um grupo escolar visitar um museu, tirar umas fotografias e “acabou-se”. É necessário que os professores preparem a visita com a actividades prévias na escola, actividades que estejam correlacionadas com o tema da exposição; que a visita em si também inclua actividades educativas e que, no pós-visita, já em contexto escolar, haja algum tipo de avaliação das actividades desenvolvidas. Isto implica um enorme investimento por parte dos professores e dos Serviços Educativos dos Museus, em regime de trabalho cooperativo, a que não estamos habituados em Portugal. Mas esta articulação faz toda a diferença em termos de aprendizagem.


Educação - Como docente universitária, como vê a preparação no domínio das Ciências dos alunos que chegam ao Ensino Superior? Especificamente, que pontos salientaria pela positiva e quais os aspectos a melhorar?

M.H.H. - A maioria dos alunos em Geociências entra em Geologia ou em Engenharia Geológica porque quer e, naturalmente, para além do conhecimento académico, destaco o interesse e a motivação que já trazem, o que torna a nossa actividade docente muito estimulante, claro.

Hoje, apesar de tudo, sabe-se muito mais sobre sismos, vulcões e dinossauros do que quando entrei na Faculdade. O cidadão comum interessa-se muito mais por esses temas do que há trinta anos atrás. O papel dos media nesse aspecto tem sido fundamental, apesar de nos ignorarem sistematicamente quando ocorre algum tipo de desastre natural ou nos confundirem com arqueólogos quando é anunciada alguma descoberta de fósseis. Mas eu acho que, tal como há trinta anos, continua a registar-se uma enorme distância entre o mundo dos académicos e o mundo dos professores, o mundo dos que elaboram os currículos e o mundo dos que fazem os manuais escolares. É difícil o encontro entre esses protagonistas que, afinal, são os maiores responsáveis pelo que se ensina e aprende em matéria de Ciências.


Educação - O que se poderá esperar no âmbito da cooperação prevista entre o AIPT e outros anos internacionais como o Ano Polar Internacional, o Ano internacional da Heliofísica e o 50.º aniversário da comemoração do Ano Internacional Geofísico?

M.H.H. - Estamos disponíveis e interessados nessa cooperação. As Ciências não devem desenvolver-se de forma disciplinar, mas sim de forma transdisciplinar. Só assim se poderá contribuir para a resolução dos problemas ambientais que afectam a sociedade.


Educação - Finalmente, em que medida o AIPT poderá marcar um “registo” positivo no nosso planeta, ou seja, neste ano a ele dedicado, o que poderá o planeta Terra esperar, em concreto, de melhor para o seu futuro, preservação e continuidade, fruto da contribuição das gerações que nele participaram activamente?

M.H.H. - Poderá esperar uma nova atitude por parte de um número crescente de indivíduos da espécie humana, aquela que mais perturbações provocou à sua própria geodinâmica. Se, de cada vez que votamos num nosso representante político, lhe exigirmos atitudes consentâneas com os objectivos dos AIPT e se, de cada vez que compramos um serviço ou produto, seleccionarmos aquele ou aqueles que menos danos provocam à Terra, estamos a construir esse “registo”. Se tivermos esta consciência, terá valido a pena implementar em Portugal o AIPT.

Novembro de 2007
Entrevista de: Alexandra Aguiar

in Educação - AQUI (site da Texto Editores)

SCT 2007 - Tertúlia on-line IV



Poema para Galileo


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,

aquele teu retrato que toda a gente conhece,

em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce

sobre um modesto cabeção de pano.

Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.

(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.

Disse Galeria dos Ofícios.)

Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.



Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…

Eu sei… eu sei…

As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.

Ai que saudade, Galileo Galilei!



Olha. Sabes? Lá em Florença

está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.

Palavra de honra que está!

As voltas que o mundo dá!

Se calhar até há gente que pensa

que entraste no calendário.



Eu queria agradecer-te, Galileo,

a inteligência das coisas que me deste.

Eu,

e quantos milhões de homens como eu

a quem tu esclareceste,

ia jurar- que disparate, Galileo!

- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça

sem a menor hesitação-

que os corpos caem tanto mais depressa

quanto mais pesados são.



Pois não é evidente, Galileo?

Quem acredita que um penedo caia

com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?

Esta era a inteligência que Deus nos deu.



Estava agora a lembrar-me, Galileo,

daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo

e tinhas à tua frente

um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo

a olharem-te severamente.

Estavam todos a ralhar contigo,

que parecia impossível que um homem da tua idade

e da tua condição,

se tivesse tornado num perigo

para a Humanidade

e para a Civilização.

Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,

e percorrias, cheio de piedade,

os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.



Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,

desceram lá das suas alturas

e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,

nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.

E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual

conforme suas eminências desejavam,

e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal

e que os astros bailavam e entoavam

à meia-noite louvores à harmonia universal.

E juraste que nunca mais repetirias

nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,

aquelas abomináveis heresias

que ensinavas e descrevias

para eterna perdição da tua alma.

Ai Galileo!

Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo

que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,

andavam a correr e a rolar pelos espaços

à razão de trinta quilómetros por segundo.

Tu é que sabias, Galileo Galilei.



Por isso eram teus olhos misericordiosos,

por isso era teu coração cheio de piedade,

piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos

a quem Deus dispensou de buscar a verdade.

Por isso estoicamente, mansamente,

resististe a todas as torturas,

a todas as angústias, a todos os contratempos,

enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,

foram caindo,

caindo,

caindo,

caindo,

caindo sempre,

e sempre,

ininterruptamente,

na razão directa do quadrado dos tempos.

terça-feira, novembro 20, 2007

SCT 2007 - Tertúlia on-line III

Semana da Ciência e Tecnologia 2007 - Tertúlia on-line II


Rómulo Vasco da Gama de Carvalho/António Gedeão
(Lisboa, 24.11.1906 - Lisboa, 17.02.1997)


Filho de um funcionário dos correios e telégrafos e de uma dona de casa, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu a 24 de Novembro de 1906 na lisboeta freguesia da Sé. Aí cresceu, juntamente com as irmãs, numa casa modesta da rua do Arco do Limoeiro (hoje rua Augusto Rosa), no seio de um ambiente familiar tranquilo, profundamente marcado pela figura materna, cuja influência foi decisiva para a sua vida.

Na verdade, a sua mãe, apesar de contar somente com a instrução primária, tinha como grande paixão a literatura, sentimento que transmitiu ao filho Rómulo, assim baptizado em honra do protagonista de um drama lido num folhetim de jornal. Responsável por uma certa atmosfera literária que se vivia em sua casa, é ela que, através dos livros comprados em fascículos, vendidos semanalmente pelas casas, ou, mais tarde, requisitados nas livrarias Portugália ou Morais, inicia o filho na arte das palavras. Desta forma Rómulo toma contacto com os mestres - Camões, Eça, Camilo e Cesário Verde, o preferido - e conhece As Mil e Uma Noites, obra que viria a considerar uma da suas bíblias.

Criança precoce, aos 5 anos escreve os primeiros poemas e aos 10 decide completar "Os Lusíadas" de Camões. No entanto, a par desta inclinação flagrante para as letras, quando, ao entrar para o liceu Gil Vicente, toma pela primeira vez contacto com as ciências, desperta nele um novo interesse, que se vai intensificando com o passar dos anos e se torna predominante no seu último ano de liceu.

Este factor será decisivo para a escolha do caminho a tomar no ano seguinte, aquando da entrada na Universidade, pois, embora a literatura o tenha acompanhado durante toda a sua vida, não se mostrava a melhor escolha para quem, além de procurar estabilidade, era extremamente pragmático e se sentia atraído pelas ciências justamente pelo seu lado experimental. Desta forma, a escolha da área das ciências, apesar de não ter sido fácil, dá-se.

E assim, enquanto Rómulo de Carvalho estuda Ciências Fisico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as palavras ficam guardadas para quando, mais tarde, surgir alguém que dará pelo nome de António Gedeão.

Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, forma-se em ciências pedagógicas na faculdade de letras da cidade invicta, prenunciando assim qual será a sua actividade principal daí para a frente e durante 40 anos - professor e pedagogo.

Começando por estagiar no Liceu Pedro Nunes e ensinar durante 14 anos no Liceu Camões, Rómulo de Carvalho é, depois, convidado a ir leccionar para o liceu D. João III, em Coimbra, permanecendo aí até, passados oito anos, regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-Químicas do Liceu Pedro Nunes.

Exigente, comunicador por excelência, para Rómulo de Carvalho ensinar era uma paixão. Tal como afirmava sem hesitar, ser Professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação. E assim, além da colaboração como co-director da "Gazeta de Física" a partir de 1946, concentra, durante muitos anos, os seus esforços no ensino, dedicando-se, inclusivé, à elaboração de compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão complexas como a física e a química. Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da colecção Ciência Para Gente Nova e muitos outros títulos, entre os quais Física para o Povo, cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência até meados da década de 1970. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito e com um carácter mais amplo, aquilo que, enquanto professor, comunicava pela palavra.

A dedicação à ciência e à sua divulgação e história não fica por aqui, sendo uma constante durante toda a sua a vida. De facto, Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando, inclusive trabalhos concluídos, mas por publicar, que por certo vêm engrandecer, ainda mais, a sua extensa obra científica.

Apesar da intensa actividade científica, Rómulo de Carvalho não esquece a arte das palavras e continua, sempre, a escrever poesia. Porém, não a considerando de qualidade e pensando que nunca será útil a ninguém, nunca tenta publicá-la, preferindo destruí-la.

Só em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento Perpétuo. No entanto, o livro surge como tendo sido escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato a que se votou.

O livro é bem recebido pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro e,depois, no ensaio e na ficção.

A obra de Gedeão é um enigma para os críticos, pois além de surgir, estranhamente, só quando o seu autor tem 50 anos de idade, não se enquadra claramente em qualquer movimento literário. Contudo o seu enquadramento geracional leva-o a preocupar-se com os problemas comuns da sociedade portuguesa, da época.

Nos seus poemas dá-se uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. Aí reside a sua originalidade, difícil de catalogar, originada por uma vida em que sempre coexistiram dois interesses totalmente distintos, mas que, para Rómulo de Carvalho e para o seu "amigo" Gedeão, provinham da mesma fonte e completavam-se mutuamente.

A poesia de Gedeão é, realmente, comunicativa e marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se sentia profundamente tocada pelos valores expressos pelo poeta e assim se atrevia a acreditar que, através do sonho, era possível encontrar o caminho para a liberdade. É deste modo que "Pedra Filosofal", musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho.E, mais tarde, em 1972, José Nisa compõe doze músicas com base em poemas de Gedeão e produz o álbum "Fala do Homem Nascido".

O professor Rómulo de Carvalho, entretanto,após 40 anos de ensino,em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal decide reformar-se. Exigente e rigoroso, não se conforma com a situação. Nessa altura é convidado para leccionar na Universidade mas declina o convite.

Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes dedica-se por inteiro à investigação publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Gedeão também continua a sonhar, mas o fim aproxima-se e o desejo da morrer determina, em 1984, a publicação de Poemas Póstumos.

Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direcção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio correspondente da Academia de Ciências, função que desempenhará até ao fim dos seus dias.

Quando completa 90 anos de idade, a sua vida é alvo de uma homenagem a nível nacional. O professor, investigador, pedagogo e historiador da ciência, bem como o poeta, é reconhecido publicamente por personalidades da política, da ciência, das letras e da música.

Infelizmente, a 19 de Fevereiro de 1997 a morte leva-nos Rómulo de Carvalho. Gedeão, esse já tinha morrido alguns anos antes, aquando da publicação de Poemas Póstumos e Novos Poemas Póstumos.

Avesso a mostrar-se, recolhido, discreto, muito calmo, mas ao mesmo tempo algo distante, homem de saberes múltiplos e de humor subtil, Rómulo de Carvalho que nunca teve pressa, mas em vida tanto fez, deixa, em morte, uma saudade imensa da parte de todos quantos o conheceram e à sua obra.

in http://www.citi.pt/

Caricatura in Blog Desenhos do Rui

Ano Internacional do Planeta Terra - Site Oficial


O que é o AIPT

Em 22 de Dezembro de 2005, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 60/192 proclamando 2008 como Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT). O slogan escolhido “Ciências da Terra para a Sociedade” é bem elucidativo do principal objectivo desta iniciativa: promover a importância das Ciências da Terra em todos os domínios da Sociedade, destacando o seu papel na resolução de muitos dos problemas que afectam a Humanidade.

As comemorações do AIPT, a nível internacional, estão organizadas em duas vertentes distintas: um programa científico centrado em dez temas principais e um programa de divulgação (mais informações em www.esfs.org). Embora centradas em 2008, as comemorações do AIPT irão decorrer durante o triénio 2007–2009.

Temas principais que serão abordados durante o AIPT:
  • Água Subterrânea
  • Desastres naturais
  • Terra e Saúde
  • Alterações climáticas
  • Recursos
  • Megacidades
  • O interior da Terra
  • Oceano
  • Solo
  • Terra e Vida

Site oficial português do Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT)

O Triste Caso das Ladeiras Misteriosas

Via Blog De Rerum Natura, publicamos o seguinte post:



Quem já não ouviu falar de estradas em que os carros em ponto morto sobem onde deveriam descer? Pessoalmente nunca vi, mas já ouvi falar de uma ladeira misteriosa no Algarve perto de Boliqueime, e de outra no Minho, perto de Braga. Este vídeo, legendado em português pelo professor de Ciências Físico-Químicas Carlos Portela (o seu blog sobre vídeos de ciência está aqui e uma lista de vídeos por ordem de número de visualizações está aqui), mostra que se trata de uma mera ilusão de óptica.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Semana da Ciência e Tecnologia 2007 - Tertúlia on-line I


Tertúlia On-Line de Comemoração da Semana da Ciência e Tecnologia e do Aniversário do Nascimento de Rómulo de Carvalho

Na semana em que se comemoram os 101 anos do nascimento de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, nome do cientista e pedagogo também conhecido pelo pseudónimo literário de António Gedeão, o Blog associa-se às comemorações da Semana da Ciência e Tecnologia e do Dia Nacional da Cultura Científica, promovidas pela Ciência Viva, através da divulgação de alguma poesia deste autor.



Pedra filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral
pináculo de catedral
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo de Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Columbina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

in Movimento Perpétuo, 1956

Semana da Ciência e da Tecnologia - Actividade do nosso Blog II


Tertúlia On-Line de Comemoração da Semana da Ciência e Tecnologia e do Aniversário do Nascimento de Rómulo de Carvalho

Pretendemos fazer a comemoração on-line da Semana da Ciência e Tecnologia 2007, com publicação de textos e poemas alusivos à temática, neste e noutros Blogues. Neste momento (23.30 horas de 18.11.2007) os Blogues participantes inscritos são:

Ficamos à espera de mais adesões...

Semana da Ciência e da Tecnologia - Actividade do nosso Blog


Tertúlia On-Line de Comemoração da Semana da Ciência e Tecnologia e do Aniversário do Nascimento de Rómulo de Carvalho

É, para além da observação astronómica que adiámos, a nossa actividade deste ano para esta semana tão especial. Pretendemos fazer a comemoração on-line da Semana da Ciência e Tecnologia 2007, com publicação de textos e poemas alusivos à temática, em diversos Blogues. Para já os Blogues participantes inscritos são:

Observação Astronómica - ADIADA


A actividade de hoje (Observação Astronómica, no âmbito da Semana da Ciência e Tecnologia) foi anulada, pelo mau tempo (chuva, chuva e mais chuva...).

Uma outra observação será feita noutra data em substituição desta - então obrigadinho, ó S. Pedro...

domingo, novembro 18, 2007

XIII Feira Internacional de Minerais, Gemas e Fósseis de Coimbra

Esta irá decorrer de 30 Novembro a 2 de Dezembro de 2007, no Museu Mineralógico e Geológico, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, sito no Largo Marquês de Pombal em Coimbra.

Horário: 10.00 às 20.00 horas (todos os dias).

Ficamos à espera da confirmação do aqui exposto e do respectivo cartaz por parte dos responsáveis do DCT/FCTUC...


Fonte: Blog mineraissilvio.

XXI Feira Internacional de Minerais, Gemas e Fósseis de Lisboa


A Feira Internacional de Minerais Gemas e Fósseis de Lisboa cumpre este ano, de 6 a 9 de Dezembro, a sua vigésima primeira edição.

Este ano o tema central da feira são os carbonatos, minerais de grande importância em numerosos processos geológicos e que, com frequência, produzem exemplares mineralógicos de grande beleza, como alguns que são exibidos na edição deste ano da feira.

Este certame, que também integra as componentes cultural, científica e pedagógica, reúne aficionados e comerciantes de minerais, gemas e fósseis, oriundos de diversos países da Europa, bem como um vasto público que tem aqui oportunidade de comprar, vender ou trocar exemplares do seu interesse. No âmbito desta feira, terão lugar, como vem sendo hábito, um conjunto de actividades complementares de carácter pedagógico e de divulgação científica destinadas a jovens e adultos.


XXI FEIRA INTERNACIONAL DE MINERAIS, GEMAS E FÓSSEIS

6 a 9 Dezembro de 2007

Horário:
6 de Dezembro - das 15.00 às 20.00 horas

8 de Dezembro - das 10.00 às 20.00 horas

9 de Dezembro - das 10.00 às 18.00 horas

Local:

Rua da Escola Politécnica, 60 1250-102 Lisboa

Contactos:
Telefone: 21 392 18 36;

Fax: 21 390 58 50;


Imperdível!!!!


Via Blog GeoLeiria - post de Sofia Reboleia