quinta-feira, abril 23, 2009

Dia do Livro

Os livros sábios,JONATHAN WOLSTENHOLME


Com uma poesia aparentemente contrária ao espírito do dia, de Fernando Pessoa e magistralmente declamada por João Villaret, celebremos o Dia do Livro:


Liberdade - João Villaret

LIBERDADE

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

O sismo que destruiu Benavente foi há 100 anos



23 de Abril de 1909, 17.05 horas

Forte abalo sísmico arrasa parte do Ribatejo, fazendo sentir-se em todo o país. Benavente, Samora Correia, Santo Estêvão e Salvaterra de Magos ficam destruídas. Em Benavente não fica uma casa de pé.

Interrompidas as comunicações telegráficas, as primeiras notícias do ocorrido em Benavente chegam a Santarém através de um lavrador que aí se dirige de automóvel.

A população em pânico começa a juntar-se no largo do Chaveiro.

Cerca das 23 horas começam a chegar automóveis de Santarém com o Governador Civil, o chefe da polícia, guardas cívicos e bombeiros.

De Lisboa seguem médicos e “artigos de penso”.

O balanço é de 24 mortos em Benavente e 15 em Samora Correia.

Ao longo da noite ouvem-se fortes e prolongados ruídos subterrâneos.

(in “Estudo Histórico e Descritivo de Benavente”, de Rui de Azevedo - via Blog Comunicação & Divulgação - Museu Municipal de Benavente)

quarta-feira, abril 22, 2009

Dia da Terra


Hoje é o Dia da Terra. Celebremos a data com um telúrico poema de um médico transmontano enxertado em Coimbra e que, como nós, sendo das Ciências, amava a Terra e a Poesia...

A terra

Também eu quero abrir-te e semear
Um grão de poesia no teu seio!
Anda tudo a lavrar,
Tudo a enterrar centeio,
E são horas de eu pôr a germinar
A semente dos versos que granjeio.

Na seara madura de amanhã
Sem fronteiras nem dono,
Há de existir a praga da milhã,
A volúpia do sono
Da papoula vermelha e temporã,
E o alegre abandono
De uma cigarra vã.

Mas das asas que agite,
O poema que cante
Será graça e limite
Do pendão que levante
A fé que a tua força ressuscite!

Casou-nos Deus, o mito!
E cada imagem que me vem
É um gomo teu, ou um grito
Que eu apenas repito
Na melodia que o poema tem.

Terra, minha aliada
Na criação!
Seja fecunda a vessada,
Seja à tona do chão,
Nada fecundas, nada,
Que eu não fermente também de inspiração!

E por isso te rasgo de magia
E te lanço nos braços a colheita
Que hás de parir depois...
Poesia desfeita,
Fruto maduro de nós dois.

Terra, minha mulher!
Um amor é o aceno,
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno!

A charrua das leivas não concebe
Uma bolota que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos...
Água que a manhã bebe
No pudor dos atalhos.

Terra, minha canção!
Ode de pólo a pólo erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!


Miguel Torga

quarta-feira, abril 01, 2009

Humor: as mentiras da ciência


Informação recebida do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra:

É possível fazer pipocas com telemóveis? E ir ao Pólo Norte visitar os pinguins? O cientista de serviço no suplemento satírico do jornal Público, David Marçal, vai estar no Museu da Ciência da UC para fazer revelações que podem surpreendê-lo

Promete ser, no mínimo, uma experiência desconcertante: David Marçal, cientista e criativo do suplemento satírico "O Inimigo Público", vai ser o protagonista da próxima sessão do ciclo Ciência em Família do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC). No dia 5 de Abril (domingo) às 11 horas, pequenos e graúdos vão poder descobrir algumas das mais intrigantes mentiras do mundo científico.


Há vídeos do YouTube que parecem não deixar espaço para dúvidas: mas será mesmo possível fazer pipocas apenas com as radiações dos telemóveis? E, se nos apetecer, podemos viajar até ao Pólo Norte para fotografarmos os pinguins? E se não tivermos à mão uma panela, podemos ferver água num mero saco de plástico?

Há coisas que parecem possíveis, mas não são. Outras parecem mentira, mas são perfeitamente reais. E a ciência explica porquê. David Marçal é o detective de serviço no Museu da Ciência da UC e vai ajudar as famílias a explorarem a fronteira entre o possível e o impossível.

David Marçal é licenciado em Química Aplicada e doutorado em Bioquímica Estrutural pela Universidade Nova de Lisboa. Foi jornalista de ciência do jornal Público e é, desde 2003, um dos autores do suplemento humorístico daquele diário, "O Inimigo Público", onde escreve sátiras científicas. Foi ainda autor de textos científicos para crianças na revista Kulto.

Investigador do Instituto de Medicina Molecular da UC, David Marçal está actualmente a desenvolver um projecto de pós-doutoramento em comunicação e divulgação de ciência com recurso ao teatro e ao humor. É autor do blogue convidado do jornal Público "Contagem Decrescente".

As sessões do ciclo Ciência em Família decorrem das 11.00 às 12.00 horas e destinam-se a crianças e adultos de todas as idades. A participação requer marcação prévia e poderá ser feita através do número de telefone 239 85 43 50. O custo é de apenas 3 euros por pessoa.

Para mais informações poderá aceder ao site do Museu da Ciência ou ainda espreitar algumas das actividades desenvolvidas no Ciência em Família num spot do YouTube.



Adaptado de post do Blog De Rerum Natura