Steve Torgersen, perito de minas norueguês, olha deslumbrado para os fósseis de pegadas de uma criatura pré-histórica descobertos no tecto de uma mina de carvão na ilha de Spitsbergen, no Ártico.
in Público - 25.04.2007
Foto: Francois Lenoir/Reuters
Este é o Blog do Departamento de Ciências Físicas e Naturais (abrangendo os docentes de três Sub-Departamentos: de Ciências da Natureza - do 2º Ciclo - e de Ciências Físico-Químicas e de Ciências Naturais - do 3ºCiclo) da Escola EB 2.3 Dr. Correia Mateus, de Leiria.
"Mina da Guimarota - Leiria
Um caso único como documento da vida no Jurássico nesta região da Europa
Em 1959, o Prof. W. G. Kuhne, da Freie Universität de Berlim, especialista em mamíferos primitivos, interessou-se por uma pequena mina de carvão (lignito) abandonada, na Guimarota, nas proximidades de Leiria.
Na sequência dos estudos que aí empreendeu, a partir de 1960, publicados nas Memórias dos então Serviços Geológicos de Portugal (Nova Série, nº 14, 1968) e dos muitos outros levados a cabo pelos seus discípulos e continuadores, esta velha mina revelou-se uma jazida de excepcional riqueza paleontológica, não só pela variedade e número de fósseis aí encontrados (e estudados), como pelo esplêndido estado de conservação dos mesmos. Celebrizada pela fauna de mamíferos do Jurássico superior (com 151 a 154 milhões de anos), esta jazida de carvão relevou-se igualmente rica de outras espécies de animais e plantas que cedo despertaram o interesse de muitos paleontólogos de variadíssimas especialidades, sendo muito vasta a bibliografia publicada por autores alemães e outros estrangeiros, em contraste com os nacionais, que nunca tiveram condições para competir com eles.
A grande maioria deste espólio saiu do país, sendo mínima a parte que permanece entre nós. Resta-nos a mina, que continua a ser uma jazida onde muitos estudos podem e devem prosseguir.
Apreciamos e enaltecemos o trabalho dos nossos colegas estrangeiros, além de que apoiamos a continuação dos seus estudos. Sem eles, o desconhecimento sobre esta página da nossa história geológica seria total.
A par de jazidas mundialmente reconhecidas, como a de Solenhöfen, na Alemanha ou a do Cabo Mondego, em Portugal, a Mina da Guimarota deverá ser considerada um Geomonumento e, como tal, convenientemente protegida pela lei.
O Museu Nacional de História Natural tem vindo a desenvolver esforços no sentido da musealização de sítios com interesse geológico, nos quais inclui esta mina.
O interesse da comunidade científica internacional levou a recente edição, em 2002, de um livro de divulgação cuja referência se inclui em anexo. Também em anexo se insere a parte mais significativa da bibliografia sobre esta jazida e uma lista das espécies até hoje descritas.
Lisboa, 6 de Janeiro 2003
MARTIN, Thomas & Bernard KREBS (editors):
2000. [in English] – 156 pp., 177 mostly coloured figures, 2 tables
24.5 x 21.3 cm. Hard cover
ISBN 978-3-931516-80-2
Em 1960 uma equipa de investigadores do Instituto de Paleontologia da Universidade Livre de Berlim, chefiada pelo Prof. W. G. Kuhne, iniciava os trabalhos de pesquisa de fósseis na antiga mina da Guimarota, nos arredores de Leiria, que explorava a lenhite dos níveis do Jurássico superior (Kimeridgiano). O interesse suscitado pelo material fóssil recolhido nesses primeiros anos, enquanto a mina ainda funcionava, levou a que, após o seu fecho, se retomasse a "exploração" do seu carvão, agora para fins unicamente científicos.
Assim, durante 9 anos (1973-82) aquela antiga mina foi reaberta e explorada com objectivos paleontológicos tendo-se recolhido milhares de exemplares de crânios, mandíbulas, ossos e dentes de vertebrados terrestres e aquáticos e inúmeros restos de plantas e de invertebrados, tornando o local a mais importante jazida a nível mundial de mamíferos e outros pequenos vertebrados do Jurássico superior.
Com base neste precioso espólio paleontológico, foram sendo publicados numerosos trabalhos científicos, alguns incluídos nas Comunicações e nas Memórias dos Serviços Geológicos de Portugal.
Decorridos mais de 30 anos sobre o início dos trabalhos, pretendeu-se reunir numa única publicaçáo o conjunto dos principais resultados obtidos.
O livro agora editado relata a história desta exploração científica e os principais resultados obtidos pelo estudo dos fósseis encontrados, incluindo a reconstituição paleoambiental da jazida, com capítulos consagrados á flora, ostracodos, carófitas, moluscos, peixes, réptɥis, dinossauros, mamíferos e, ainda, aos métodos de preparação utilizados.
Esta obra tem uma excelente apresentação em papel "couché" sendo profusamente ilustrada com fotografias a cores das espécies estudadas e com estampas da reconstituição dos principais vertebrados e dos paleoambientes onde viveram."
Para terminar, convém ainda referir dois aspectos: hoje em dia há uma enorme área construída em cima da mina e do vazio que ela representa - e a escoragem, mais tarde ou mais cedo, terá de ceder... O problema da subsidência foi, de forma preliminar, estudado pelo Professores Doutores Fernando Pedro Figueiredo e Lídia Catarino (Departamento de Ciências da Terra - Universidade de Coimbra) em 2005, no texto Caracterização de uma Antiga Zona Mineira por Métodos de Prospecção Geofísica – O Caso da Mina da Guimarota, Leiria. Depois há ainda aspectos de natureza ambiental pouco tratados - a existência de morcegos a habitarem a mina, eventuais problemas de contaminação de lençóis freáticos, a libertação de gases da mina, a situação dos respiradouros antigos, etc.The fossil forest extends along the ceiling of two adjacent mines, the Riola mine and the Vermillion Grove mine, which are located in Vermillion County, just south of Danville, Illinois.
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