A camada de ozono, que protege a Terra das radiações ultravioleta do Sol, registou este ano uma perda recorde de 40 milhões de toneladas sobre o Antárctico, anunciou hoje a Agência Espacial Europeia (ESA). Trata-se da maior perda de ozono num único ano, ultrapassando o anterior recorde de 39 milhões de toneladas registado em 2000, de acordo com medições feitas pelo satélite Envisat da ESA.
O défice é calculado através da medição da superfície e da profundidade do "buraco" da camada de ozono, situada na estratosfera, a cerca de 25 quilómet ros da Terra. Esse buraco atingiu este ano cerca de 28 milhões de quilómetros quadrados, quase tão grande como em 2000, e a sua profundidade, estimada em 100 unidades Dobson, igualou o recorde registado em 1998,segundo a ESA. Uma unidade Dobson é definida como uma camada de 0,01 milímetros de espessura à temperatura e à pressão da atmosfera padrão.
O ozono, uma molécula derivada do oxigénio, permite filtrar os perigosos raios ultravioleta do Sol, que danificam a vegetação e podem causar cancro da pele. A espessura desta camada protectora tem vindo a diminuir devido aos efeitos de químicos poluentes da atmosfera produzidos por actividades humanas, nomeadamente os clorofluorcarbonetos (CFC, gases de aerossóis e refrigerantes).
A reacção química que altera a camada de ozono atinge o seu auge nas temperaturas frias de alta altitude do Inverno no hemisfério sul, normalmente entre finais de Agosto e Outubro. "Uma perda tão significativa supõe temperaturas muito baixas na estratosfera associadas à luz do Sol", explicou Claus Zehner, engenheiro atmosférico da ESA. "A perda extrema registada este ano pode explicar-se com as temperaturas s obre a Antártida, as mais baixas desde 1979".
Este alerta da ESA confirma o receio manifestado sexta-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) de que o buraco do ozono atingiria este ano um novo recorde. A camada de ozono diminuiu 0,3 por cento por ano durante a última década. Foi para a proteger que o Tratado de Montreal (1997) impôs restrições ao uso dos CFC. Mas, apesar disso, a quantidade de poluição acumulada na atmosfera é tanta que, segundo peritos da OMM, são de esperar buracos como o deste ano até 2026.
in Ciência Hoje (recolhido por Isabel Quinta Lopes)
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