sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Plantas que devoram urânio: uma descoberta em Coimbra

Callitriche é o seu estranho nome

É a mais recente descoberta da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC): um grupo de plantas capaz de absorver os mais elevados índices de metais pesados no menor espaço de tempo, podendo ser utilizadas em processos de fitorremediação (utilização de plantas capazes de absorver poluentes dos solos, rios e lagos). Trata-se do projecto de investigação “Descontaminação de Escorrências Mineiras por Plantas Hipercumuladoras” que identificou plantas capazes de, em 24 horas, reduzir a cerca de metade a contaminação de urânio presente em na água.

É um avanço significativo para a resolução dos problemas ambientais do país porque, apesar das sucessivas denúncias e dos alertas sistemáticos ao longo dos anos, mantêm-se os problemas ambientais e de Saúde Pública associados às minas de urânio e de outros jazigos mineiros da Região Centro e do País. A investigação apresenta como vantagens a eficiência na descontaminação, a redução do impacte ambiental, simplicidade na execução e baixo custo.

Esta descoberta constitui o culminar de dois anos de trabalho de investigação e testes laboratoriais desenvolvidos pelo Departamento de Ciências da Terra da FCTUC. O resultado desta investigação é um passo decisivo para a despoluição de solos e águas e, de acordo com o coordenador do projecto, João Pratas, «esta técnica é extraordinariamente vantajosa, principalmente por ser economicamente muito mais atractiva por comparação aos métodos convencionais de despoluição».

As espécies de plantas investigadas pelo Departamento de Ciências da Terra apresentam, de acordo com o professor da FCTUC, um enorme potencial: «Em oposição aos métodos tradicionais, os métodos de fitorremediação, possibilitam uma melhor integração no ecossistema, com reduzido impacto, economicamente competitivos e são aplicáveis a grande escala».
Concluída a fase laboratorial, as plantas devoradoras de urânio vão ser, agora, testadas em sistemas de fitorremediação em minas abandonadas de urânio, concretamente para a remediação das escorrências uraníferas.

in Ciência Hoje (recolhido por Isabel Quinta Lopes)

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