quinta-feira, outubro 07, 2010

Notícia sobre Espeleologia

Sociedade Portuguesa de Espeleologia alerta para os efeitos da poluição no monumento
Especialista defende criação de zona de protecção da gruta de Mira de Aire


 Espeleólogos e mergulhadores estiveram a explorar a gruta

O presidente da Sociedade Portuguesa de Espeleologia (SPE), José António Crispim, defende a criação de uma zona de protecção da gruta de Mira de Aire. O geólogo, que há cerca de 40 anos faz trabalhos de exploração naquele local, diz que tem notado “alterações graves” na gruta, consequência da contaminação das águas e da construção
à superfície.

Segundo o especialista, que nos últimos dias liderou uma equipa que esteve a explorar a gruta, os efeitos já se fazem sentir na parte turística, onde existem “zonas com fungos, crescimento acelerado de algas e cheiros”. Sinais que, de acordo com o docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, resultam das águas contaminadas que entram na gruta, nomeadamente vindas das estradas, e da falta de saneamento básico naquela zona. “Por vezes, as fossas sépticas são um pró-forma e o seu mau funcionamento acaba também por afectar a gruta”, acrescenta o geólogo.

“Não basta empenharmo-nos em concursos, que são importantes, mas que não resolvem tudo. É necessária uma actuação estratégica para proteger aquele local”, defende José António Crispim, numa alusão à eleição
recente da gruta de Mira de Aire como uma das sete maravilhas naturais de Portugal.

O especialista frisa que os trabalhos de prospecção feitos nos últimos anos, sobretudo pela SPE, indiciam que “há boas probabilidades” de serem encontradas novas zonas visitáveis, inclusive nos concelhos de Batalha e de Alcanena, para onde se estende a gruta. “A confirmar-se isso, era conveniente que essas áreas estivessem minimamente protegidas”, diz.

Nos últimos dias, perto de 30 elementos, na sua maioria ligados à SPE, participaram em trabalhos de exploração da gruta na zona designada por rio negro. Segundo José António Crispim, foram percorridos cerca de 200 metros, tendo sido necessário recorrer a mergulhadores em algumas zonas. Os espeleólogos estiveram em seis galerias, três desconhecidas e três referenciadas há cerca de 20 anos.

A chuva que caiu no domingo acabou por prejudicar os trabalhos, uma vez que, a zona de acesso a uma galeria onde estavam quatro elementos da equipa encheu, deixando-os isolados durante várias horas. O coordenador explica que foi accionado um sistema de prevenção com a chamada de outra equipa de mergulhadores e o pedido de uma segunda bomba para retirar água. No entanto, esses meios acabaram por não ser utilizados.

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