A vida privada do homem que reescreveu o Génesis
A caixa com a colecção de recordações de Annie
Charles Darwin era o seu tetravô, mas nunca se interessou muito por ele até há uma dúzia de anos, quando foi à procura da vida pessoal do seu antepassado e descobriu histórias extraordinárias ainda por contar. Com a ajuda de uma caixa que guardava os tesouros de uma menina chamada Annie e as cartas e os diários que sobre ela escreveram os seus pais.
Numa vida anterior, Randal Keynes trabalhava para o governo britânico. O seu tio-avô era o economista John Maynard Keynes, que revolucionou o pensamento económico moderno, e o seu avô, Edgar Adrian, tinha ganho o Prémio Nobel da Medicina em 1932. A ciência não o interessava: já havia muitos cientistas na família (o pai e o outro avô também) e não queria passar a vida a ser comparado com eles. Mas o mais famoso de todos era Charles Darwin, o seu tetravô - e, quando Randal Keynes tinha uns 50 anos, o seu encontro com Darwin mudou-lhe a vida. Fez-se escritor e começou a dedicar-se activamente às campanhas de conservação das Galápagos e de classificação da casa de Darwin como património mundial.
Hoje, aos 61 anos, Keynes talvez seja quem conhece Darwin mais de perto, como pessoa e como homem de família, porque teve acesso à sua intimidade através de objectos e documentos únicos, conservados pela sua família ao longo de gerações. A sua procura já deu origem a um livro em 2001 sobre a relação de Darwin com Annie, a sua filha mais velha, morta aos dez anos - que por sua vez inspirou, em 2009, o filme Creation, realizado por Jon Amiel.
Hoje, aos 61 anos, Keynes talvez seja quem conhece Darwin mais de perto, como pessoa e como homem de família, porque teve acesso à sua intimidade através de objectos e documentos únicos, conservados pela sua família ao longo de gerações. A sua procura já deu origem a um livro em 2001 sobre a relação de Darwin com Annie, a sua filha mais velha, morta aos dez anos - que por sua vez inspirou, em 2009, o filme Creation, realizado por Jon Amiel.
Na semana passada, Randal Keynes esteve em Lisboa para a inauguração, no Museu Nacional de História Natural, da exposição Darwin Now,organizada pelo British Council. Pouco antes, falou com o P2 do seu ilustre antepassado. Ficámos com a sensação de que, para além de um cientista excepcional, Darwin era um ser humano excepcional, que teríamos gostado muito de conhecer.
A figura de Charles Darwin foi uma referência constante na sua família, uma figura mítica sempre a pairar por cima das vossas cabeças?
Ele esteve sempre presente na nossa família. Mas eu não me interessei muito por ele - aliás, ninguém me obrigou a fazê-lo. Todos nós imaginávamos, suponho, que tinha sido uma pessoa maravilhosa, mas durante a minha infância nunca se comentou muito em casa os aspectos controversos do seu pensamento.
Percebi pela primeira vez que tinha um antepassado famoso quando uns rapazes fizeram troça de mim na escola - disseram-me que eu descendia de um macaco. Perguntei ao meu irmão por que é que se riam de mim e ele explicou-me.
Qual foi a primeira coisa que soube acerca dele?
As primeiras coisas que soube dele soube-as através da minha avó, neta de Darwin. Fui passar umas férias com ela e ela falou-me das férias que passara em pequena numa certa casa no campo, um sítio maravilhoso onde faziam jogos no jardim. Também me falou da avó, a senhora Darwin.
A minha avó não chegou a conhecer Darwin porque ele já tinha morrido nessa altura, mas foi graças a ela que aprendi a amar a casa onde ele viveu. Só mais tarde é que percebi que essa casa era muito especial, porque o avô dela tinha sido uma pessoa muito famosa e que era o trabalho que tinha lá desenvolvido que fazia dessa casa um sítio tão importante.
Por que é que começou a estudar a vida de Darwin? Pensa que os biógrafos ignoraram algum aspecto importante?
Não, de maneira nenhuma. Até aos meus 50 anos sempre pensei que a história já tinha sido toda contada. Nessa altura, eu estava muito interessado nos edifícios históricos e foi então que a Historical Building Organization, no Reino Unido, tomou conta de Down House [a casa de Darwin, nos arredores de Londres], que tinha permanecido aberta ao público durante muitos anos, mas que estava bastante degradada, com o telhado a precisar de obras, etc.
Uma das coisas que eles queriam era encontrar alguém que pudesse contar aos visitantes como Darwin tinha lá vivido com a sua família. Alguém da família de Darwin que gostasse de casas antigas e também de contar essa história.
A ideia pareceu-me interessante e comecei a reunir informação sobre a casa e a vida de Darwin na casa e sobre o que ele tinha feito. E, à medida que ia vendo como Darwin tinha vivido naquela casa, no seio da sua família, junto da mulher e rodeado dos filhos, descobri que havia lá uma história extraordinária que ainda estava quase toda por contar.
No fundo, toda a gente pensava que Darwin acordava de manhã, saía de casa, trabalhava noutro sítio e ao fim do dia regressava a casa, mantendo assim a sua ciência separada da sua vida quotidiana - como acontece com a maioria das pessoas. Mas o que eu descobri foi que ele tinha feito tudo em casa. E que, ao olhar para a sua vida em família, em sua casa, estava a olhar ao mesmo tempo para a maneira como ele fazia ciência. E descobri que havia certos aspectos da sua ciência que não tinham sido reconhecidos como tais, porque ninguém tinha percebido esta situação muito especial. Achei isto interessante e procurei saber mais.
Darwin era um génio - provavelmente um dos maiores pensadores de todos os tempos. Mas como era ele como ser humano? Era afectuoso ou distante, sociável ou solitário, preocupado com os outros ou egoísta?
Na nossa família a ideia que foi transmitida ao longo das gerações - e que bate certo com tudo o que li nas suas cartas à mulher, aos filhos, a outras pessoas, nas cartas que ele recebeu e também com as reminiscências de todos sobre a vida familiar - era que Darwin estava profundamente ligado à mulher e aos filhos. Amava a sua família e a sua vida em família e não ligava muito às pessoas de fora e ao que elas podiam pensar dele.
A sua primeira lealdade era para com a mulher e os filhos. A segunda, quase em pé de igualdade com a primeira mas não completamente, era para com a ciência. Queria que as suas ideias fossem avaliadas, queria falar delas, mas não estava necessariamente empenhado em que fossem verdade. Queria apenas que valesse a pena discuti-las e que esse diálogo as fizesse progredir.
Para além da sua lealdade à ciência e da sua ligação à família, era tímido e modesto em relação a si próprio e ficava incomodado quando alguém insinuava que era fantástico. Ele não achava. E era tímido com as pessoas: evitava a sociedade londrina, não gostava de ir a jantares nem de ter de fazer discursos. Estava disposto a pôr por escrito as ideias mais chocantes do século - ninguém o pode acusar de cobardia no que respeita às coisas importantes -, mas ser obrigado a pôr-se de pé e falar em público, isso não.
Em todas as fotografias, Darwin tem sempre um ar bastante desagradável e distante. Mas isso é exactamente o oposto de como ele era quando se sentia à vontade com as pessoas. Adorava conversar, adorava ouvir anedotas, ficava sempre satisfeito com uma conversa divertida e era muito amigável e simpático em privado.
Anne (a quem todos chamavam Annie), a filha mais velha de Darwin, morreu quando tinha dez anos. Morreu de quê?
Muito provavelmente de um certo tipo de tuberculose infantil. Não sabemos ao certo, mas todos os sinais que se conhecem da sua doença apontam para isso. Esteve doente durante seis meses. A tuberculose era a sida daquela altura na Grã-Bretanha e em muitos outros países. Atingia os jovens, as crianças, e era uma doença tão aterrorizadora e tão letal que as pessoas se recusavam a falar dela. Se ninguém quis dizer que Annie tinha sem dúvida tuberculose, foi porque isso teria equivalido a uma sentença de morte.
Na introdução do seu livro Annie"s Box: Darwin, His Daughter and Human Evolution (publicado em 2001 e já traduzido para oito línguas, não incluindo o português), escreve que foi por acaso que deu com a caixa onde Annie guardava as coisas que escrevia.
Sim, queria saber mais coisas sobre a vida de Darwin em família e sabia que em casa dos meus pais havia uma cómoda que o meu pai tinha herdado da mãe dele (a neta de Darwin), que por sua vez tinha recebido o conteúdo das gavetas da sua tia Henrietta, a segunda filha de Darwin. Eu sabia que ia encontrar lá fotografias, cartas, livros, recordações de todo o tipo. Portanto, a primeira coisa que fiz foi ir a casa dos meus pais ver o que lá estava. E no fundo de uma das gavetas, encontrei uma pequena caixa, uma escrivaninha. Abri-a e deparei-me com a carga afectiva extraordinária de uma colecção de recordações de Annie. A caixa tinha sido extremamente importante para ela. Tinha sido conservada, a seguir à sua morte, pela sua mãe, Emma, e encontrada pela irmã de Annie só após a morte de Emma. Quando Henrietta a viu, reconheceu a caixa que Annie tinha aos dez anos (ela própria tinha 8) e que nunca mais tinha tornado a ver. A caixa também continha notas de Darwin sobre a doença da filha, uma madeixa do seu cabelo, um mapa do cemitério onde Annie estava sepultada com uma única anotação: "A campa de Annie Darwin."
O facto de encontrar a caixa, de a abrir e de perceber o que era... [visivelmente emocionado]. Devo dizer que o meu coração deu um pulo. E então, comecei a ler coisas sobre ela e, tal como tinha acontecido com Down House, descobri que essa história era muito mais do que a história da perda de uma filha para um pai que a amava profundamente.
Demorei algum tempo em percebê-lo, andei a ler coisas sobre Annie durante vários meses antes de vislumbrar o interesse real da história.
O que leu nessa altura era material que já estava publicado?
Algumas coisas estavam publicadas, mas a maior parte era inédita. Tive a sorte de ter acesso a cartas, a diversos diários. Tinha os caderninhos onde Emma Darwin descrevia o seu dia-a-dia. Também estavam inicialmente na cómoda dos meus pais, mas tinham entretanto sido emprestados para um projecto de investigação, para ajudar a datar as cartas de Darwin.
Nos cadernos de Emma há uma entrada datada do dia em que Annie nasceu: procurei a data e lá estava. E do dia em que Annie morreu. Mas há também pequenas listas de compras - todo o tipo de pequenos pormenores da vida quotidiana. Tive esses cadernos ao pé de mim durante toda a escrita do meu livro. E consegui escrevê-lo com uma sensação de grande proximidade em relação aos pais dessa criança. Foi um incrível privilégio sentir isso.
Documentou a vida de Darwin sobretudo a partir de inéditos, de material que existia na sua família?
Uma grande parte do material já estava publicado. A vida privada de Darwin é provavelmente uma das mais bem documentadas de sempre de uma figura famosa. A maior parte da sua correspondência encontra-se hoje disponível on-line e completamente anotada. Baseei-me muito nesse material. Mas tinha ao mesmo tempo ao meu alcance uma série de coisas, como os diários de Emma Darwin, ou um livrinho feito por Annie, onde ela costumava colar coisas e que era muito especial para ela. E, claro, tinha os escritos de Darwin.
Como era a vida de Darwin em Down House?
Ele era um doente crónico. Sofria de indigestão, tosse, etc. A sua mulher, Emma, cuidava muito dele. E tinha de gerir muito bem as coisas quando tinham visitas com quem ele gostava muito de conversar, porque nessas alturas ficava muito entusiasmado. Emma tinha de lhe lembrar que ficaria doente o resto do dia se não parasse. Ele era como um inválido.
Começou a ter este tipo de problemas pouco depois de casar. Teve alturas boas e alturas más ao longo da vida. Esteve várias vezes para morrer.
Ninguém sabe de que sofria?
Não. Escreveram-se livros inteiros sobre o assunto, mas ninguém sabe ao certo.
Mas parece paradoxal, posto que Darwin tinha feito coisas que muitos seriam incapazes de fazer, como a viagem no Beagle, que durou vários anos.
Pois, na sua juventude tinha sido extremamente enérgico; mas depois qualquer coisa lhe aconteceu - poderá ter sido mental ou talvez tenha apanhado alguma doença. E, a partir daí, ficou incapacitado para o resto da vida.
Seja como for, Darwin fazia muitas coisas ao longo do dia. Não dedicava mais do que três ou quatro horas à ciência. O resto do tempo descansava, passeava no jardim ou nos arredores, fazia experiências no jardim. Tinha de facto uma vida muito agradável.
Quando era novo, Darwin acreditava na interpretação literal da Bíblia - era um criacionista. Quando é que isso mudou?
Foi um processo gradual. Os geólogos já tinham percebido, dez a 20 anos antes de ele se tornar um cientista, que a história da Terra era muitíssimo mais longa do que o que o Livro do Génesis sugeria - e que, portanto, esse livro não podia ser aceite como facto. Muitas pessoas muito respeitáveis já tinham desistido por isso dessa parte do Antigo Testamento. E Darwin concordava com eles.
Mas também começou a questionar a Revelação de Cristo no Novo Testamento - os milagres, etc. Emma, por seu lado, era uma cristã devota - não no sentido de ter certezas sobre a fé, mas simplesmente porque para ela a fé era fundamental. Ela também tinha dúvidas em relação à fé, tal como Darwin, mas acreditava que a fé era a coisa mais importante. Para Darwin, o mais importante era a ciência, os valores da ciência, as verdades científicas, que eram as melhores e as mais claras formas da verdade.
Isso distanciava-os. Isso era doloroso para eles, o facto de saberem que não podiam estar juntos nesse plano. Emma tentou ajudar Darwin a ter fé e ele sabia quão importante isso teria sido para ela, mas não foi capaz.
Estreou-se recentemente um filme fantástico, baseado no meu livro [Creation, de 2009], com Paul Bettany e Jennifer Connelly - e acho que o que é excelente nele é que uma grande parte da história gira em torno da dor gerada por esse problema entre essas duas pessoas, que se amavam profundamente.
A morte de Annie também alterou o pensamento de Darwin em relação à religião?
É uma questão muito difícil. Há quem afirme que a morte de Annie foi o factor que o levou a deixar finalmente de acreditar. Mas não é possível afirmarmos tal coisa. Não sabemos ao certo e os documentos não apontam claramente para isso. O que é claro, pelo contrário, é que Darwin tinha começado a ter sérias dúvidas e preocupações em relação à fé alguns tempos antes da morte de Annie - e que, pouco depois da morte da filha, deixou de ir à igreja com a família. Acompanhava a mulher e os filhos até lá todos os domingos, eles entravam e ele ficava à porta.
Penso que Darwin terá perdido a fé por razões de ordem mais geral e não como reacção de raiva perante a morte da filha, que é uma visão simplista. Há muitas pessoas que perderam os filhos e que consideraram isso um castigo divino. São necessárias mais razões para decidir que Deus não pode existir.
Dito isto, percebi, ao escrever o livro, que o amor de Darwin por Annie, a morte de Annie, a perda de Annie, o luto de Darwin por ela, a aceitação dessa perda, tudo isso lhe permitiu perceber coisas sobre as emoções e os afectos humanos, sobre o desenvolvimento natural do sentido moral humano, que o ajudaram a escrever o seu segundo grande livro, A Origem do Homem e a Selecção Sexual [editado em Portugal pela Relógio d"Água]. A morte de Annie fê-lo perceber a força dos afectos e até que ponto eles vão para além da razão. E também como são essenciais para a natureza humana as ligações afectivas entre cônjuges, entre pais e filhos.
Foi por isso que dei ao meu livro o título Annie"s Box: Darwin, his Daughter and Human Evolution. Se Darwin conseguiu perceber essa parte da evolução natural da natureza humana, foi em parte com base na sua experiência directa com a sua filha.
Seja como for, deixou de acreditar em Deus.
Sim, mas ele diria mais tarde que não era ateu, que só podia dizer que era agnóstico. Não tinha a certeza e não conseguia decidir. Teria gostado de acreditar em Deus, mas não conseguia convencer-se da sua existência.
Darwin acreditava no eugenismo, como o seu primo Francis Galton, pioneiro dessas ideias?
As ideias de Darwin forneceram a Galton as bases para a sua teoria do eugenismo. Mas se lhe tivessem pedido a sua opinião, Darwin teria dito imediatamente, tal como escreveu aliás, que os seres humanos nunca serão capazes de decidir o que fazer para realmente melhorar a espécie humana. Claro que é possível melhorar uma espécie. Mas para Darwin os humanos não têm a visão de conjunto que a natureza tem para o fazer. O critério de sucesso adoptado pela natureza é o de sobreviver para se reproduzir e, se adoptarmos esse critério, obtemos a selecção das espécies que existem hoje. Os humanos, por seu lado, apenas conseguem fazer coisas absurdas, tal como alterar um elemento do aspecto de uma espécie ou uma característica de um animal, como o peso, por exemplo. Darwin, que abordou brevemente esta questão, pensava que a selecção artificial feita pelos humanos é bastante ridícula.
Porquê? Porque produz aberrações?
Porque as criaturas assim geradas não conseguem viver. No âmbito das suas pesquisas, ele tinha feito criação de pombos ornamentais. E constatou que o pombo que os criadores de pombos mais admiravam não conseguia alimentar as suas crias, porque tinha o bico demasiado curto. Durante as primeiras semanas de vida, as crias tinham de ser alimentadas... por um ser humano, o que teria sido impraticável em condições naturais.
Por outro lado, Darwin achava inaceitável excluir as pessoas que não eram vigorosas nem bem sucedidas - uma questão que aborda no seu segundo livro.
Nós olhamos pelas pessoas de constituição frágil, pelos fracos, pelos doentes, os deficientes, etc. Mas se a sobrevivência dos mais aptos fosse necessária, não deveríamos pelo contrário deixar essas pessoas morrer, impedi-las de se reproduzirem? Darwin responde que isso violaria um princípio da moral humana que deve prevalecer acima de tudo, porque é extremamente importante para nós. Essa era a sua resposta ao eugenismo.
O que acha que Darwin diria, se voltasse hoje e visse os avanços que têm sido feitos nas áreas da genética e da biologia molecular?
Tenho a certeza que ficaria extremamente entusiasmado! Se ele tivesse sabido o que Gregor Mendel [seu contemporâneo, considerado o pai das leis da genética] tinha demonstrado sobre a hereditariedade genética, teria dito imediatamente que aí estava a resposta ao principal problema que as pessoas colocavam à sua teoria da evolução. E com o que a biologia molecular nos revelou a seguir sobre o ADN e a ancestralidade profunda... [ri-se] Tudo isso teria sido realmente fantástico para ele.
Se Darwin não tivesse existido, teríamos descoberto a sua teoria através da leitura do genoma. O que Darwin tem de extraordinário é que ele descobriu e percebeu o que se passava antes da descoberta do livro da vida do ADN. Descobriu-o sem sequer perceber como funcionavam as leis da hereditariedade. Acho que, no seu íntimo, sabia distinguir uma boa explicação científica de uma má e usou essa intuição para decidir que certas coisas faziam parte da explicação.
Está a escrever outro livro?
Estou a trabalhar num livro sobre o jardim de Darwin. É sobre a ciência que ele fazia no seu jardim e no campo à volta da sua casa.Retrato de Charles Darwin em Down House, nos arredores de Londres (em baixo, a sala de estar). Foi nesta casa que o naturalista viveu e trabalhou durante 40 anos.
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