quarta-feira, setembro 12, 2007

As aventuras de Octávio Mateus no Gobi

Expedição internacional à Mongólia
Paleontólogo português revela novas descobertas de dinossauros
12.09.2007 - 10h23 Marta Ferreira dos Reis

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Octávio Mateus participa na expedição internacional à Mongólia

Esqueletos incompletos de dinossauros (saurópodes, ceratopsídeos, yamaceratops), ossos de pelos menos dez anquilossauros e mais ossos de terizinossauros, dentes de herbívoro com um formato nunca visto, ovos e casas. Octávio Mateus é o único português entre especialistas norte-americanos, mongóis, canadianos, coreanos e japoneses numa expedição ao Deserto de Gobi, Mongólia, que sem ter feito ainda um mês de duração reforça mais uma vez o valor paleontológico da região.

A expedição começou no dia 20 de Agosto e incide sobre Bayn Shire, zona pouco explorada no sudeste do Deserto de Gobi.

“A localidade é incrivelmente rica, e novas descobertas ocorrem todos os dias”, disse Octávio Mateus por e-mail. “A nossa equipa recolheu vários ossos, dentes, crânios e ovos de dinossauros a até mesmo esqueletos quase completos, o que é raro”.

O deserto de Gobi é conhecido pelos vestígios do período Cretácico, o último da era dos dinossauros. A história das expedições na Mongólia começou no início do século XX, quando equipas americanas perceberam o potencial do local, explicou Miguel Telles Antunes, um dos maiores paleontólogos do país. Depois de algumas grandes descobertas, a Ex-União Soviética quis ficar com a exclusividade das expedições, acrescentou, e só depois da década de 1990 foi possível reactivar a investigação. “É uma região que tem dado magníficos fósseis”.

Octávio Mateus destaca duas descobertas: O esqueleto quase completo de um dinossauro saurópode (quadrúpede herbívoro, conhecido pelo seu pescoço comprida e cabeça pequena), um exemplar com mais de 15 metros de comprimento e os dentes de um animal da mesma espécie que podem revelar uma nova forma de mastigar entre os dinossauros herbívoros.

Paleontologia em Portugal

O processo de escavação em paleontologia é delicado. “É preciso libertar os ossos dos sedimentos e por vezes consolidá-los no local”, disse Telles Antunes. “Os blocos são retirados com cuidado, depois de fotografados e desenhados, e são levados para o laboratório onde se faz o trabalho de preparação e montagem”.

É importante que um português participe nesta expedição mas o trabalho que se faz em Portugal também é válido, disse Telles Antunes. O paleontólogo lembrou o Museu da Lourinhã, na vila do centro do país já considerada capital dos dinossauros, onde foi descoberto o Draconyx loureiroi, uma espécie única. “Não temos os meios que outros têm, mas quando as pessoas querem trabalhar arranjam-se. A falta de meios tem sido um álibi, uma desculpa”, acrescentou.

in Público - ler notícia

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